Abandono no shopping: mãe é psicóloga e teria tido surto
31/07/2014 -
As dúvidas que se somaram ao longo de 11 dias não foram totalmente solucionadas, mas, a principal delas foi decifrada. Enfim, foi encontrada a família do menino que foi abandonado em um shopping de Aracaju. Com o auxílio de diversos meios de comunicação, principalmente das redes sociais, equipes do Departamento de Atendimento a Grupos Vulneráveis (DAGV) encontraram a mãe do menino que agora sabe-se que este tem 12 anos e, na verdade, é do Estado da Bahia.
Mesmo com o achado, nem mesmo a polícia ainda obtém todas as respostas para concluir o inquérito, pois a mãe, que é psicóloga, também é paciente psiquiátrica. “No depoimento prestado, ela afirmou que o trouxe para passear em Aracaju e encontrar com o pai, mas o pai dele mora em Salvador. Quando tentamos fazer outros questionamentos, o que nos pareceu é que ela ainda está muito confusa e não tem noção de como, de fato, ela veio até Aracaju”, explicou a delegada titular do DAGV, Suirá Paim.
O pai do garoto também foi encontrado, mas afirmou que não tinha certeza de que ele era seu filho já que após a separação da mulher perdeu o contato e não se lembra das feições do menino. “Ele é advogado em Salvador e mãe e filho foram morar no interior depois da separação. Fomos informados que o quadro psíquico da mulher se agravou justamente depois da separação”, salientou Suirá.
Auxílio social
Acolhido em um abrigo da capital sergipana, o garoto de boa aparência e semblante cativante, não pode, nem ao menos, se ajudar nas buscas, já que, em decorrência do autismo, ele pouco desenvolveu a fala. No entanto, a rede que se instaurou para auxiliar a achar a família dele foi o maior apoio que a polícia contou durante os dias de investigação.
De acordo com a delegada Lara Shuster, que inicialmente acompanhou o caso, afirmou que, no primeiro momento buscou informações sem maiores alardes e através de contatos oriundos da ajuda a Associação de Pais e Amigos do Autista (Apase), foi percebido que, na verdade, mesmo tendo sido abandonado em Aracaju, o menino era de uma família do Estado da Bahia.
“Foi a partir do momento que passamos a achar que ele não era de Aracaju que decidimos utilizar as redes sociais para tentar encontrar alguma pista. A resposta não demorou muito e veio a partir da presidente da Associação de Amigos do Autista da Bahia (AMA) que nos procurou afirmando que achava que ele havia sido atendido nesta associação, mas que já havia se desligado há dois anos. Ao enviar uma equipe para Salvador, colhemos informações e conseguimos chegar até a mãe do garoto”, relatou Lara Shuster.
Tratamento
Presente durante coletiva que explicou como a família do menino foi encontrada, o presidente da Associação de Pais de Autistas de Sergipe (APASE), Rodrigo Ribeiro, esclareceu que os cuidados com um autista demandam muita atenção e acompanhamento, fatores que, segundo as delegadas, o menino vinha tendo.
“Quando a equipe que está em Salvador colheu informações, foi apurado que ele passava por tratamento e, inclusive, aqui no abrigo em Aracaju, ele deu sinais disso. Mexeu em aparelhos eletrônicos e correspondeu a alguns estímulos próprios do tratamento do autismo. Algumas pessoas que tinham contato com ele demonstraram surpresa quando souberam do caso. Segundo elas, a mãe era muito afetuosa e zelosa”, ressaltou Lara Shuster.
Inquérito e dúvidas
Diante das informações obtidas nas investigações do caso, o inquérito ainda não pode ser concluído. De acordo com Suirá Paim, ainda é preciso se confirmar o problema psicológico da mãe e as reais circunstâncias do abandono. “Não podemos dizer que houve, por parte da mãe, uma premeditação de abandono. Questões como essa ainda serão apuradas com a devida atenção. Por enquanto, o inquérito segue e o menino irá permanecer em Aracaju, bem como a mãe continuará em Salvador até que o caso se conclua”, frisou a delegada.
Enquanto isso, o pai do menino está sobre aviso. Segundo as delegadas do DAGV, caso seja diagnóstica o problema psicológico da mãe e se entenda que ela não tem condições de criar o menino, a guarda passa a ser questionada.
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