Valor da cesta básica recua em 10 capitais
Foto ilustrativa
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DIEESE
07/07/2014 -
Em junho, os preços do conjunto de bens alimentícios essenciais diminuíram em 10 das 18 capitais onde o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE) realiza mensalmente a Pesquisa da Cesta Básica de Alimentos. As maiores quedas foram registradas em Belo Horizonte (-7,33%), Campo Grande (-4,55%), Porto Alegre (-4,00%) e São Paulo (-3,25%). As altas mais expressivas foram observadas no Norte e Nordeste: Manaus (6,08%), João Pessoa (3,43%), Aracaju (2,45%) e Recife (1,53%). Florianópolis foi a única capital do Sul que apresentou aumento no valor da cesta (0,98%).
 
São Paulo foi a cidade onde se apurou o maior valor para a cesta básica (R$ 354,63) e apresentou a quarta maior variação negativa (-3,25%) em relação a maio. A segunda maior cesta foi observada em Florianópolis (R$ 353,76), seguida por Porto Alegre (R$ 351,36). Os menores valores médios da cesta foram verificados em Aracaju (R$ 247,64), Salvador (R$ 278,97) e João Pessoa (R$ 281,70).
 
Com base no custo apurado para a cesta de São Paulo e levando em consideração a determinação constitucional que estabelece que o salário mínimo deve ser suficiente para suprir as despesas de um trabalhador e sua família com alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência, o DIEESE estima mensalmente o valor do salário mínimo necessário. Em junho deste ano, o salário mínimo necessário deveria ser de R$ 2.979,25, ou seja, 4,11 vezes o mínimo em vigor, de R$ 724,00. Em maio, o mínimo necessário era maior, equivalendo a R$ 3.079,31, ou 4,25 vezes o piso vigente. Em junho de 2013, ficava em R$ 2.860,21, 4,22 vezes o mínimo da época (R$ 678,00).
 
Variações acumuladas
 
No acumulado dos primeiros seis meses de 2014, as 18 capitais apresentaram alta no valor da cesta básica. As maiores elevações ocorreram em Aracaju (14,24%), Recife (11,92%) e Brasília (11,86%). Os menores aumentos foram verificados em Belo Horizonte (2,43%), Campo Grande (2,62%) e Salvador (5,22%).
 
Em 12 meses - entre julho de 2013 e junho último, 16 cidades tiveram variações positivas, com destaque para Florianópolis (15,07%), Curitiba (12,84%) e Rio de Janeiro (10,79%). As retrações ocorreram em João Pessoa (-1,32%) e Aracaju (-0,17%).
 
Cesta x salário mínimo
 
Em junho, para comprar os gêneros alimentícios essenciais, o trabalhador remunerado pelo salário mínimo precisou realizar, na média das 18 capitais pesquisadas, jornada de 96 horas e 00 minutos, tempo inferior às 96 horas e 51 minutos registradas em maio. Em relação a junho de 2013, a jornada comprometida foi maior, já que naquele mês eram necessárias 97 horas e 22 minutos.
 
Quando se compara o custo da cesta e o salário mínimo líquido, ou seja, após o desconto referente à Previdência Social, verifica-se que o trabalhador remunerado pelo piso nacional comprometeu, em junho, 47,43% dos vencimentos para comprar os mesmos produtos que em maio demandavam 47,85%. Em junho de 2013, o comprometimento do salário mínimo líquido com a compra da cesta era maior e equivalia a 48,11%.
 
Comportamento dos preços
 
Em junho, os recuos dos preços da cesta básica foram influenciados principalmente pelos seguintes produtos: feijão, batata, óleo de soja, banana e tomate. Carne, leite e arroz apresentaram aumentos na maioria das capitais. O feijão preto (pesquisado nas cidades do Sul, Rio de Janeiro, Vitória e Brasília) e o feijão carioquinha (pesquisado no Norte, Nordeste, Campo Grande, Goiânia, São Paulo e Belo Horizonte) apresentaram recuos de preços em todas as cidades, exceto em Brasília, onde o valor aumentou 0,57%. As maiores retrações foram registradas nas localidades em que se coleta o feijão carioquinha - Campo Grande (-14,01%), Natal (-12,35%) e Belo Horizonte (-11,70%).
 
Em 12 meses, as elevações foram verificadas onde se pesquisa o feijão preto: Florianópolis (22,93%), Rio de Janeiro (11,87%), Porto Alegre (2,99%), Curitiba (2,42%) e Vitória (1,56%). Apenas em Brasília o preço do produto apresentou redução (-2,89%). Para o feijão carioquinha, nos 12 meses, houve retração de valor em todas as localidades, com destaque para Recife (-48,92%), Natal (-46,85%), Joao Pessoa (-45,84%), Aracaju (-45,49%), Fortaleza
(-45,22%), Goiânia (-44,74%), Campo Grande (-44,51%), Belo Horizonte (-42,75%) e São Paulo (-42,13%). Oferta expressiva do grão explica a redução dos preços do produto.
 
A batata teve redução de preços em todas as cidades onde é pesquisada, com variações entre -16,09%, em Belo Horizonte, e -3,85%, em Curitiba. Em relação a junho de 2013, as quedas oscilaram entre -33,08%, em Campo Grande, e -6,59%, em Florianópolis. A safra das secas, nas regiões de Curitiba, São Mateus do Sul, Irati e Ponta Grossa (PR), Ibiraiaras (RS) e Sul de Minas Gerais seguem intensas e abastecendo o mercado interno desde maio.
 
O preço do óleo de soja diminuiu em 11 cidades e aumentou em seis. As maiores quedas foram observadas em Curitiba (-3,39%), Campo Grande (-3,33%) e Natal (-2,47%). Em João Pessoa, o preço ficou estável. Já as principais altas ocorreram em Aracaju (10,29%), Florianópolis (2,18%), Manaus (1,67%), Goiânia (0,71%), Rio de Janeiro (0,56%) e Brasília (0,33%).
Em 12 meses, o preço do produto aumentou em 14 cidades, com variações entre 11,36%, em Aracaju, e 0,28%, no Rio de Janeiro. Houve diminuição em quatro localidades, com destaque para a taxa de Campo Grande (-7,69%). O preço da soja tem se reduzido internamente, influenciado pela diminuição da cotação externa do grão e pela desvalorização do dólar em relação ao real. A produção de soja no país é recorde, apesar da quebra da produção paulista em virtude das condições climáticas. Estes fatores podem influenciar o comportamento do óleo derivado da soja.
 
Já a banana apresentou redução de preço em 10 cidades. As taxas variaram entre -14,49%, em Campo Grande, e -0,27%, em São Paulo. Em Aracaju, o valor médio do produto não se alterou e nas demais cidades houve aumento, com destaque para Florianópolis (12,52%). Em 12 meses, a banana teve redução de preço em sete cidades, com variações entre -35,74%, em João Pessoa, e -2,81%, em Goiânia. Nas demais localidades, houve alta, com destaque para Campo Grande (86,32%), Belo Horizonte (52,90%) e Florianópolis (50,03%). Em Belém, foi anotada a menor variação (0,65%).
 
Em junho, o preço do tomate diminuiu em 10 cidades e aumentou em oito. No Norte e Nordeste (exceto Fortaleza, que apresentou queda de –5,57%), as altas oscilaram entre 3,45%, em Salvador, e 22,00%, em João Pessoa. No Centro-Sul, houve diminuição em todas as capitais (exceto em Florianópolis, que mostrou alta de 0,91%) e as maiores quedas foram registradas em Belo Horizonte (-32,59%) e Porto Alegre (-19,23%). Em 12 meses, as altas foram observadas em 13 cidades e chegaram a 45,77%, em Recife, 36,99%, em Salvador, e 30,14%, em Natal. Cinco capitais apresentaram diminuição no preço do tomate: Campo Grande (-15,29%), Brasília (-10,17%), Porto Alegre (-6,35%), Goiânia (-4,27%) e São Paulo (-2,88%). De um lado, houve problemas de produtividade nas safras de inverno em Araguari (MG), Mogi Guaçu e Sumaré (SP), devido a pragas, o que comprometeu a oferta de tomate e pressionou o preço em algumas capitais.
 
No entanto, as colheitas do norte do Paraná e do Rio de Janeiro ocorreram de forma satisfatória, abastecendo o mercado nas regiões do Centro-Sul.
 
A farinha de mandioca, pesquisada nas cidades do Norte e Nordeste, apresentou recuo de preço, com oscilações entre -11,14%, em Fortaleza, e -1,11%, em Belém. Em 12 meses, todas as cidades acumularam diminuições, exceto Salvador (8,73%), com destaque para a queda em Belém (-43,15%). Apesar de as chuvas reduzirem a oferta da raiz de mandioca, principal insumo da farinha, os preços vinham apresentando decréscimos e o ritmo de moagem seguiu lento, devido às baixas cotações da farinha no varejo.
 
A carne bovina, produto de maior peso na cesta, apresentou alta em 14 cidades, em junho. As maiores altas aconteceram em Aracaju (5,76%) e Goiânia (4,59%). As reduções de preço foram detectadas em Curitiba (-1,63%), Natal (-1,26%) e Belo Horizonte (-1,04%). Em Vitória, o valor da carne não variou. Em 12 meses, todas as capitais tiveram aumentos, que variaram entre 23,89%, em Curitiba, e 3,31%, em Manaus. Os motivos que explicam o comportamento altista do preço da carne bovina de primeira são a oferta restrita de boi devido à estiagem do início do ano e o bom desempenho da exportação de carne.
O leite in natura subiu em 12 capitais, variando entre 5,50%, em Manaus, e 0,43%, em Porto Alegre.
 
O preço ficou estável em Fortaleza e São Paulo e apresentou diminuição em Brasília (-7,47%), João Pessoa (-1,33%), Campo Grande (-1,16%) e Vitória (-0,35%). Em relação ao ano passado, houve aumento em 15 capitais, exceto em Belo Horizonte (-0,81%) e Salvador (-0,33%). Em Porto Alegre, o preço não variou. Os maiores aumentos aconteceram em Florianópolis (21,06%), Aracaju (16,86%) e Manaus (10,04%).  O período de entressafra do leite explica a diminuição da oferta do bem e o aumento de preço, apesar do desaquecimento da demanda, principalmente da indústria de derivados, pelas altas cotações do leite.
 
O preço do arroz também subiu em 12 das 18 cidades pesquisadas. As maiores altas ocorreram em Curitiba (4,42%), em Belo Horizonte (2,58%) e Fortaleza (2,07%). As principais quedas foram registradas em Campo Grande (-1,35%) e Goiânia (-1,30%). Também em 12 meses, o preço do arroz acumula aumentos na maioria das capitais: em 13 cidades houve elevações que variaram entre 11,93%, em Natal, e 0,45%, em Porto Alegre. Nas demais capitais, houve recuo, com destaque para a taxa de Belém (-3,17%). Apesar de a cotação do arroz em grão estar desaquecida, devido ao ritmo lento das negociações, no varejo, há tendência de aumento do valor médio, uma vez que as indústrias, para atender às necessidades do mercado, ofertam o produto a preços mais altos.