Ceratocone faz crescer em 276% a demanda por transplantes de córnea no Brasil na última década

22/12/2025 às 15:53:16
Foto: Assessoria


O ceratocone, doença ocular que afeta principalmente jovens, está por trás do aumento de 276% nos transplantes de córnea realizados no Brasil nos últimos dez anos. O dado é de um levantamento da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO) em parceria com o Instituto Penido Burnier e reflete a necessidade de falar sobre a doença, que provoca o afinamento e a deformação da córnea, comprometendo a visão e podendo levar à cegueira em casos mais graves. O aumento de casos preocupa especialistas, que alertam para a importância do diagnóstico precoce.

De acordo com o presidente da Sociedade Sergipana de Oftalmologia e especialista em ceratocone, Dr. Allan Luz, o crescimento está diretamente relacionado à falta de informação e de acompanhamento oftalmológico.  “O ceratocone é uma doença silenciosa, que geralmente começa ainda na adolescência. O primeiro sintoma costuma ser a visão turva, facilmente confundida com miopia ou astigmatismo. Quando o diagnóstico demora, a córnea continua se deformando e a visão se deteriora até o ponto em que o transplante passa a ser a única opção”, explica o médico.

Os casos podem ter relação direta com hábitos cotidianos, como o ato de coçar os olhos, um dos principais fatores de risco para o desenvolvimento e a progressão da doença. Os sintomas surgem, em geral, entre os 10 e 25 anos, fase em que a córnea é mais vulnerável à deformação.

“Muita gente não imagina, mas o simples ato de esfregar os olhos pode causar danos irreversíveis à córnea. Esse hábito, comum em pessoas com alergias oculares, enfraquece a estrutura do tecido e acelera o avanço do ceratocone. É um comportamento que precisa ser evitado, principalmente em crianças e jovens”, destaca Allan.

Diagnóstico, tratamento e prevenção

O exame mais indicado para identificar o ceratocone é a topografia da córnea, que mapeia sua curvatura e detecta alterações antes que a visão apresente prejuízos significativos.  Nos casos leves, o uso de óculos ou lentes de contato rígidas costuma garantir boa qualidade visual. Quando a deformação é mais acentuada, o oftalmologista pode indicar o crosslinking de colágeno (técnica que utiliza luz ultravioleta e riboflavina para fortalecer a córnea), o implante do anel intracorneano (Anel de Ferrara) ou, em último caso, o transplante de córnea.

“Hoje temos recursos capazes de estabilizar o ceratocone e devolver qualidade visual ao paciente, desde que ele seja acompanhado de forma regular. O diagnóstico precoce é o que muda completamente a perspectiva da doença. Evitar coçar os olhos e procurar um oftalmologista diante de qualquer alteração na visão são atitudes simples, mas que podem evitar grandes problemas no futuro”, orienta o presidente da SSO, Dr. Allan Luz.

Sobre o Dr. Allan Luz

Especialista em transplante de córnea, tratamento do ceratocone e cirurgia refrativa, Dr. Allan Luz tem uma trajetória consolidada na oftalmologia. Formado pela Universidade Federal de Sergipe (UFS), iniciou sua carreira ao lado do Dr. Mário Ursulino, fundador do Hospital de Olhos de Sergipe (HOS), referência na área no Estado. Atualmente, é professor e coordenador do curso de especialização do HOS — pioneiro e único na área em Sergipe —, além de presidir a Sociedade Sergipana de Oftalmologia.

Com doutorado em Oftalmologia e Ciências Visuais pela Universidade Federal de São Paulo (EPM/Unifesp), Dr. Allan Luz recebeu premiações nacionais e internacionais e se destaca como palestrante em congressos e simpósios. Em sua trajetória, acumula mais de 100 aulas em eventos científicos e 40 artigos publicados em periódicos especializados, consolidando sua expertise no campo da oftalmologia.

 

Fonte: Assessoria