Irrigação fornecida pelo Governo de Sergipe transforma realidade de produtores de leite do centro-sul

18/08/2025 às 11:46:49
Foto: Igor Matias

No sítio de oito tarefas (aproximadamente 2,42 hectares), localizado no Perímetro Irrigado Jabiberi, gerido pelo Governo de Sergipe, em Tobias Barreto, centro-sul do estado, o produtor Rogério Fontes dos Santos começa o dia antes do sol nascer. São 15 vacas em lactação, todas alimentadas com capim verde irrigado, que garante uma produção diária de cerca de 140 litros de leite — quantidade que, mesmo na seca, não diminui.  

Segundo ele, se não fosse a água da barragem, não teria produção nenhuma. “Hoje, irrigo o capim quatro vezes por semana e alimento as vacas sem preocupação”, conta Rogério, que vive da pecuária leiteira há 17 anos. Ele explica que utiliza a água do perímetro para também, em alguns períodos, plantar milho para silagem. “Já tenho destino certo para o leite, não preciso me preocupar com a comercialização. Meu plano é chegar a 500 litros por dia”, conta. 

A tranquilidade que Rogério sente para planejar o futuro é fruto de um modelo de produção que transformou a realidade local. Único em Sergipe com estrutura voltada exclusivamente para a pecuária leiteira, o Perímetro Irrigado Jabiberi, administrado por meio da Companhia de Desenvolvimento Regional de Sergipe (Coderse), empresa vinculada à Secretaria de Estado da Agricultura Desenvolvimento Agrário e da Pesca (Seagri), conta com 220 hectares de pastagem irrigada e manejo especializado. 

Os lotes irrigados produzem capim o ano inteiro, alimentando um rebanho de, aproximadamente, 1.100 vacas em lactação, sendo que a principal garantia da produção de leite no Perímetro Irrigado Jabiberi é o abastecimento de água proveniente da barragem do próprio Rio Jabiberi, que atende 75 lotes de produtores irrigantes, sendo que 55 deles já atuam na pecuária leiteira. Assim, a água irriga os pastos, que alimentam o gado e garantem a produção estável de leite durante todo o ano.

De janeiro a julho de 2025, o Jabiberi produziu 2.068.768 litros de leite in natura, faturando R$ 4,96 milhões, com preço médio de R$ 2,40 por litro. Parte desse volume foi processada no laticínio local, que produziu 212,4 toneladas de queijo, movimentando R$ 7,01 milhões, com rebanho de 1.100 vacas. Em 2024, no acumulado anual, foram 2,38 milhões de litros e 271,8 toneladas de queijo, com rebanho de 650 vacas. 

Além de Rogério, outros produtores, como Adriano Santana de Almeida, 49 anos, também colhem resultados positivos com a irrigação. Ele possui um lote de dez tarefas (em torno de 4,356 hectares) no perímetro e áreas de sequeiro (sem irrigação artificial), onde mantém 20 animais. “Ter água o ano inteiro traz tranquilidade. Sempre temos alimento para o gado. Agora, produzo pouco porque preciso me organizar mais, mas aqui tem gente que está produzindo muito bem. O leite que tiro vendo direto para o laticínio, já com destino certo”, afirma.

Ele conta que a atividade é tradicional na família. “Meu pai sempre trabalhou com gado, nunca produzimos outra coisa. Essa parceria com o Governo do Estado é muito boa. Sem irrigação, a situação seria difícil. A água ajuda muito”, relata o agricultor que trabalha com o apoio do filho e pretende aumentar a produção. “Quero mudar para melhor e ampliar o rebanho”, revela.  

O técnico em agropecuária do Perímetro Irrigado Jabiberi, José Reis Coelho, explica que a mudança para a pecuária leiteira começou em 2009, substituindo as hortaliças que eram cultivadas, até então. Ele afirma que o clima e o solo da região favorecem a pastagem, o milho e o sorgo, tornando a pecuária leiteira mais adequada. “Antes, tínhamos muita sazonalidade. Na época da chuva, o solo encharcava e a produção caía; no verão, era difícil manter o cultivo. Com a pecuária leiteira, estabilizamos a produção, pois o capim cresce o ano inteiro com a irrigação. Isso traz segurança financeira e mantém o abastecimento mesmo na seca”, explica.

Destino certo 

A cadeia produtiva se completa na região com o laticínio instalado próximo ao perímetro, que processa parte do leite produzido e garante mercado para os produtores. Por meio do laticínio localizado ao lado da Serra do Canine, fundado em 2020 pelo empresário José Wilson Teixeira, os produtores de leite têm destino certo para a produção. O proprietário relatou que iniciou as atividades quando ainda era produtor de hortaliças no Perímetro Irrigado Jabiberi. Com a liberação da criação de gado, decidiu investir em uma pequena fábrica de queijos para absorver a produção local, que cresceu rapidamente.

Ele começou com 200 litros por dia e, hoje, processa cerca de 11 mil, transformando o leite em muçarela, parmesão, requeijão, queijo coalho, ricota e manteiga. Com o Selo de Inspeção Estadual (SIE) já conquistado, e a obtenção do Selo do Sistema Brasileiro de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Sisbi), emitida pela Empresa de Desenvolvimento Agropecuário de Sergipe (Emdagro) em andamento, a meta é expandir a comercialização para outros estados.

“O selo estadual foi uma conquista de seis anos de adequações. Ele garante procedência e abre portas para levar nossos produtos a outros estados. Nossa intenção sempre foi ajudar os pequenos produtores, garantindo destino certo e preço justo para o leite deles”, enfatiza José Wilson que, atualmente, compra leite de 165 pequenos produtores, tanto do perímetro quanto de áreas vizinhas.

O impacto do Perímetro Jabiberi vai além da produção, gera empregos diretos e indiretos, movimenta o comércio local, fortalece a agricultura familiar e transforma Tobias Barreto em referência na pecuária leiteira sergipana. O técnico José Coelho reforça que, com o apoio do Governo de Sergipe, por meio da assistência técnica da Coderse e gestão eficiente da água, o projeto mostra que é possível produzir com qualidade, sustentabilidade e segurança, mesmo nos períodos mais secos do ano. “O produtor tem garantia da produção, da comercialização e de um preço justo. Isso melhora a qualidade de vida de todos os envolvidos”, considera.

 

Fonte: Governo de Sergipe