Uma casa em verdadeira desordem, com objetos espalhados, sem higiene, falta de comida. Foi neste cenário que três crianças, uma com seis meses de idade, outra com três anos e a terceira com 10, foram encontradas, no povoado Fontinha, a 20km do Centro de Tobias Barreto. Desde a sexta-feira (22), elas eram mantidas presas pela mãe e somente neste domingo (24) foram resgatadas pelo Conselho Tutelar, com auxílio da Polícia Militar.

 

O caso foi revelado através de denúncia anônima feita ao Conselho Tutelar da Região que, após receber a informação compareceu à residência por meio de dois conselheiros. Um deles era Antônio Menezes que se indignou com a situação encontrada. “A mulher estava completamente descontrolada com a criança de seis meses no colo. Ela não nos deixou entrar na casa e disse que os filhos eram dela e que por isso ela podia fazer o que quisesse”, contou o conselheiro.

 

Percebendo que a mulher estava muito agitada e agressiva, os conselheiros procuraram auxílio da Polícia Militar que, momentos depois, acompanhou o Conselho Tutelar até a casa alvo da denúncia. Chegando ao local, o que encontraram foi a confirmação, não apenas do cárcere privado, mas dos maus-tratos. A criança de seis meses dormia na cama, enquanto a de três anos era mantida presa por um lençol amarrado na perna, atado ao telhado da casa. Já o menino de 10 anos não estava preso, mas era impedido de sair de casa.

 

“Ficamos assombrados com o estado da casa. Muita coisa espalhada, sujeira e, logicamente, o que mais nos espantou foi como as crianças eram tratadas. O menino de 10 anos relatou que comeu ovo com farinha na sexta-feira e, até o domingo foi a única coisa que comeu”, disse Antônio Menezes.

 

De acordo com o conselheiro tutelar, a mulher é paciente do Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) e que, segundo a avô das crianças, desde a sexta-feira ela não tomava a medicação. “Quando a polícia chegou, ela já estava mais calma, por isso não foi presa, mas, recolhemos as crianças e as trouxemos para o Conselho Tutelar”, afirmou Antônio.

 

O caso foi encaminhado para a Justiça que deve decidir o destino do caso. Por enquanto, as crianças ficarão em um abrigo, enquanto a mãe deve procurar tratamento psicológico. “Acreditamos que a juíza deve manter as crianças no abrigo e devolver para a mãe depois que a mesma estiver em condições de criar os filhos”, informou o conselheiro.

 

A mulher ainda tem um quarto filho, este que já é maior de idade e não mora mais com ela. 

 

Questão familiar 

 

Dona Dorinete é avô das três crianças encontradas sob cárcere. Ela poderia criar os netos ao invés delas irem para um abrigo. No entanto, além da mãe das crianças, outros dois filhos de Dorinete também são usuários do CAPS, o que a deixa temerosa.

 

“Além disso, ela mora a 100 metros da filha e, por isso, tinha medo que a mulher fosse tentar tomar as crianças enquanto estivesse fazendo o tratamento”, frisou o conselheiro Antônio.

 

Segundo o Conselho Tutelar, o pai das crianças não vive mais com a mulher e hoje mora no Maranhão e não tem notícias dos filhos.