Creches podem ser demolidas sem nunca terem sido inauguradas

28/10/2014 às

Duas creches podem ser demolidas sem nunca terem sido inauguradas em Lagarto, no interior de Sergipe. O problema chamou a atenção de uma moradora, que enviou a denúncia para o Bom Dia Brasil.

Uma creche novinha, pronta para ser inaugurada. A obra era a esperança da dona de casa Vera Lícia dos Santos para matricular a neta de 5 anos. "A gente é que ensina o ABC dentro de casa para ela não esquecer", conta.

Com o tempo, sem segurança, o local passou a ser depredado. Foram levados fios elétricos, janelas, portas e até o revestimento das paredes. Hoje, o cenário é de destruição.

A prefeitura de Lagarto diz que o problema é o terreno, que fica em cima de um lençol freático. A água jorra no quintal e, quando chove, há risco de inundação. A obra foi feita na gestão anterior e custou R$ 500 mil.

A poucos metros, outra creche também está vazia. Um ano depois do início da construção, o prédio começou a desmoronar. O investimento também é da gestão passada e foi de R$ 280 mil.

Para a prefeitura, demolir é a melhor opção. "Nós estamos fazendo um equilíbrio físico financeiro da obra para saber se é melhor recuperar ela e correr o risco de apresentar uma falha futura ou demolir e construir uma de forma adequada", diz Fábio Henrique Santos, secretário de obras.

A verba é federal e veio do Fundo Nacional do Desenvolvimento da Educação. O Ministério Público Federal abriu um inquérito para investigar o caso. "Para apurar se houve algum tipo de irregularidade primeiro em relação aos pagamentos que foram antecipados sem que a obra tivesse sido regularmente executada e em relação a falhas e vícios na construção que praticamente tornaram inviável que essa obra fosse levada adiante", afirma Heitor Alves Soares, procurador da República.

Enquanto a solução não chega, os moradores sofrem com a falta de creches. "A minha esposa não pode trabalhar porque não tem onde deixar a criança", diz Cristiano Oliveira, fiscal.

Além de prejuízo para as crianças, quase R$ 1 milhão voou nessas obras.

O prefeito anterior, Valmir Monteiro, que hoje é deputado estadual eleito pelo PSC, disse que não houve irregularidades na execução e no pagamento das obras. E que cabe a atual gestão a conclusão.