Mais Médicos reduz casos de baixo risco no Hospital Regional de Lagarto

24/10/2014 às

Implantado em outubro do ano passado em Lagarto, o Programa Mais Médicos foi criado pelo Governo Federal para, dentre outros objetivos, ampliar o acesso aos serviços de saúde prestados pela Atenção Primária nos municípios do interior do Brasil. Depois de um ano, o programa já vem tendo reflexos positivos para as urgências e emergências hospitalares.

Com o Mais Médicos, grande número de usuários do Sistema Único de Saúde (SUS), cujos casos de baixa complexidade batiam às portas dos hospitais de urgência, vem se beneficiando com a presença dos profissionais de saúde contratados através do programa que atuam nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) ou Clínicas de Saúde da Família (CSF), como as implantadas desde 2007 em Sergipe.

É o caso do Hospital Regional Monsenhor João Batista de Carvalho Daltro, gerenciado pela Fundação Hospitalar de Saúde (FHS), em Lagarto. Desde o início deste ano, a unidade vem registrando significativas reduções nos atendimentos de casos ambulatoriais ou considerados de baixa complexidade, segundo apontam os relatórios gerenciais e de produção do HRL.

Para se ter uma ideia dessedeclínio, em janeiro deste ano, dos 5.234 pacientes atendidos pelo HRL, o correspondente a 2.623, ou seja, 50,11% do total, foram de usuários que tiveram seus problemas de saúde classificados pela enfermagem como de baixa complexidade, de acordo com o protocolo do Acolhimento com Classificação de Risco (ACCR). Já em julho e agosto de 2014, os percentuais de casos de baixo risco, em relação ao número depacientes atendidos, caíram para cerca de 23%.

Para o superintendente do HRL, Oldegar Alves Júnior, o principal reflexo direto do Mais Médico para o Hospital Regional de Lagarto está no fato de, com essas reduções, a unidade poder voltar sua atenção ao perfil assistencial para o qual a unidade foi concebida pela Reforma Sanitária e Gerencial do SUS, implementada a partir de 2007 pelo Governo de Sergipe, por meio da Secretaria de Estado da Saúde (SES). "Com isso, os profissionais de saúde do hospital podem assistir, de forma mais exclusiva, os pacientes de maior gravidade internados na unidade", justifica.

Essa oferta maior de profissionais que o programa federal vem assegurando aos municípios é reconhecida pelos usuários do SUS, como o funcionário público municipal Makson Rabelo Barreto, de 21 anos, que mora na Avenida Brasília, em Lagarto. "Procurei a Clínica de Saúde da Família Antônio Maroto para uma consulta e agendar exames de rotina, pois sentia que estava com baixo peso", conta o servidor, que atua na área da Educação. "Fui atendido por uma médica cubana, que prescreveu todos os exames de rotina, como hemograma completo, raio X da coluna cervical, ultrassom abdominal total, além de complemento vitamínico, que fui buscar no posto de saúde. Ela foi muito atenciosa", disse.

Ele reconheceu a melhoria da assistência na CSF, uma das 102 Clínicas de Saúde que vêm sendo construídas pelo Governo de Sergipe, desde 2007. "Agora, com o Programa Mais Médicos, ficou mais fácil o atendimento, porque há mais profissionais à disposição da população", ressaltou. Ele admitiu que nos próximos dias deve procurar outra vez o atendimento da CSF para solicitar novos exames, mais específicos, em função do histórico familiar em relação a doenças cardíacas. "Três tios meus tiveram infarto, assim como minha avó, que chegou a passar um mês internada aqui no Hospital de Lagarto e depois foi encaminhada para o Hospital de Cirurgia, em Aracaju", salientou.

Cobertura assistencial dobrou

Com a implantação do Mais Médicos, pelo Governo Federal, o número de equipes do Programa de Saúde da Família (PSF) e os níveis de cobertura assistencial prestada na Atenção Primária de Lagarto dobraram. Antes da adesão ao Mais Médicos, o município dispunha de 11 equipes do PSF.

"Segundo a regra do novo caderno do Ministério da Saúde, o cálculo referente à cobertura pelas 11 equipes seria de 32,67% da população. Com a adesão ao programa eaumento das equipes de saúde da família para 22, a cobertura subiu para 65, 34%", explica a secretária de Saúde de Lagarto, Tânia Cristina Prado, cujo município aderiu ao programa em agosto de 2013.

Atualmente, segundo a secretária, 11 profissionais médicos, sendo nove cubanos e dois intercambistas brasileiros, atuam através do Programa Mais Médicos em Lagarto, distribuídos em dois Centros de Saúde, duas Clínicas de Saúde da Família e cinco Unidades Básicas de Saúde.

Ela destacou a ampliação do acesso aos serviços de saúde no município, por parte da população, a partir do Mais Médicos. "Em média, cada médicodo programa tem atendido 278 usuários do SUS mensalmente. Isto porque o programa proporcionou o aumento no número de profissionais disponibilizados para o atendimento, bem comoda área de cobertura devido à duplicação de equipes formadas, possibilitando assim uma melhor assistência à população", frisou.

Mais Médicos

Em setembro passado, o Programa do Governo Federal completou um ano de atuação. Ao longo deste primeiro ano, 14.462 médicos foram para a Atenção Básica em todos os Estados brasileiros. Desses, 1.846 são médicos brasileiros, 1.187 são formados no exterior e 11.429, médicos cubanos.

O Mais Médicos trouxe para Sergipe 150 profissionais, sendo 19 brasileiros, 15 intercambistas e 116 cubanos. Esses profissionais estão distribuídos por 46 municípios e atendendo 450 mil pessoas. Das 87 Clínicas de Saúde da Família, entregues pelo Governo do Estado, 23 estão sendo utilizadas pelos profissionais do Programa Mais Médicos.