Sergipana Lara Menezes transforma sonho em realidade e se torna uma das modelos mais promissoras da atualidade

A sergipana Lara Menezes, como tantas outras meninas, sempre sonhou em ser modelo e conquistar as passarelas mundiais. A seu favor, tinha a beleza de um olhar expressivo, traços marcantes, seus 1,79m de altura e o apoio incondicional dos pais. Hoje, ela não apenas transformou esse sonho em realidade, como também passou a integrar o ranking das cinquenta modelos mais promissoras da atualidade.
Morando no exterior desde 2019, Lara já começou sua carreira desfilando no Paris Fashion Week e teve passagem por diversos países, como Estados Unidos, Alemanha, Dinamarca, Inglaterra, França, Itália, Espanha, Canadá, Suécia e Coreia do Sul.
Desfilando para marcas de prestígio, como Bottega Veneta, Yves Saint Laurent, Roberto Cavalli, Givenchy, Tom Ford e Chloé, além de protagonizar campanhas de destaque para Dolce & Gabbana, Kenzo, Fendi, Saint Laurent e Versace, Lara Menezes vem se consolidando como um dos nomes mais fortes da moda contemporânea. Seu trabalho também inclui editoriais em publicações de alcance internacional.
Em conversa com o Sergipe em Foco, ela relembra o início da carreira, fala sobre a vida de modelo, expressa o orgulho de ser sergipana e destaca que, mesmo sendo oficialmente uma cidadã do mundo e tendo alcançado o que tanto almejou, carrega o estado no coração. Entre tudo o que leva consigo, está, sobretudo, a saudade dos pais — a jornalista Célia Silva e Gilvan Santos — que residem em Aracaju.
Sergipe em Foco: Há quantos anos você se dedica à carreira de modelo e como começou essa trajetória no mundo da moda?
Lara Menezes: Fui descoberta aos 17, mas iniciei na carreira aos 18 anos. Tudo começou com um projeto chamado Passarela, que rodava o Brasil realizando megaeventos para encontrar novos talentos das passarelas, modelos comerciais, artistas para TV, teatro e Youtubers. Quando esse projeto passou por Aracaju, convenci meus pais a me levarem, pois eu só tinha 17 anos na época, e fui com o desejo de ser selecionada para modelo — o que acabei conseguindo — sendo encaixada no segmento de New Faces (novo rosto). Foi nessa participação que o scouter (olheiro/profissional responsável por descobrir novos modelos) Zeca Barreto me chamou e perguntou se eu queria participar do concurso New Faces of the World. Em conversa com minha mãe, ele pediu que eu fosse a Curitiba, no ano seguinte, na companhia dela, já que eu era menor de idade, para participar desse concurso, que aconteceu em abril de 2018.
Não cheguei a ganhar o concurso New Faces, mas consegui o que mais queria: ser selecionada por uma grande agência e participar do IMTA, outro evento caça-talentos, só que em Nova York. O engraçado é que a mesma agência que me escolheu no evento em Curitiba me escolheu também em Nova York, pois, apesar de os donos serem brasileiros, a sede fica em Barcelona. Várias outras grandes agências me escolheram também, mas, de cara, eu amei a NASS Model, uma agência boutique que gerencia minha carreira até hoje. Eles têm uma carteira de clientes que inclui grandes marcas internacionais e são muito carinhosos e atenciosos comigo e com meus pais.
SF: O desejo de ser modelo surgiu ainda na infância? Conte um pouco sobre esse despertar e como esse sonho foi tomando forma.
LM: Eu sempre quis ser modelo, sim, mas era um desejo só meu. Ninguém sabia. Quando fui crescendo — eu sempre fui magra — as pessoas diziam: “vai ser modelo”. Eu ouvia aquilo com grande satisfação, mas não comentava com ninguém. Até que surgiu a oportunidade através do Passarela; aí contei para minha mãe. Ela se surpreendeu, mas depois de muita insistência minha, ela e meu pai aceitaram e me deixaram participar.
SF: Como foi o início nas passarelas? Quais foram os maiores desafios e aprendizados nesse começo de carreira?
LM: Fui para Paris em fevereiro de 2019. Tinha acabado de completar 18 anos, então foi tudo muito assustador. Eu já tinha cruzado o oceano outras vezes, mas nunca sozinha e, mesmo com tudo acertado pela agência — hotel e motorista para me receberem em Paris — e com o acompanhamento em tempo real da minha mãe, sempre “on” o tempo todo, ainda assim foi assustador. Por um lado, eu me sentia segura porque minha mãe tinha feito uma “varredura” na agência (risos). Ela pesquisou muito antes de me liberar, acessou até uma fonte dela — minha mãe é jornalista — para saber da idoneidade da agência e dos rapazes, donos da NASS. Mas, com tudo isso, o coração bateu forte quando entrei no avião sozinha. Quando cheguei em Paris, fui recebida pelos meus agentes com tanto acolhimento que acabei relaxando.
Cheguei em plena semana de moda e era casting em cima de casting. Meu primeiro grande desfile foi para a Off-White. Foi muito emocionante desfilar para uma grande marca e dividir a passarela com top models como Gigi Hadid. Meu primeiro desfile foi inesquecível. Acho que para todas que estão começando, né?
SF: Em que momento você percebeu que estava trilhando um caminho de destaque na profissão? Como foi se dar conta desse reconhecimento?
LM: Honestamente, comecei a perceber quando as pessoas passaram a me usar como referência para corte de cabelo, poses, entre outras coisas. Também comecei a ver meninas new face me olhando e me usando como exemplo, o que me deixa muito feliz.
SF: Quais são suas principais inspirações e referências no universo da moda? Há alguém que tenha influenciado especialmente o seu estilo ou postura profissional?
LM: Não, eu não gosto muito de me comparar com ninguém nem de copiar a postura profissional de ninguém. Acredito que cada modelo tem seu toque e sua personalidade, o que a torna única. Eu tenho minhas modelos favoritas, claro. Admiro muito Adriana Lima e Anok Yai. São minhas modelos favoritas, para ser sincera.
SF: A Lara que cresceu em Aracaju imaginava conquistar as passarelas pelo mundo? Como é representar Sergipe e o Brasil em um cenário internacional?
LM: Não exatamente, mas a verdade é que eu me sentia meio que um peixe fora d’água. Amo Aracaju, a cidade onde nasci e cresci; amo ser brasileira e nordestina, mas era como se, intuitivamente, eu já me considerasse uma cidadã do mundo — nada tão seguro e claro como vejo agora, mas uma sensação de já me reconhecer na vida que levo hoje. Não sou de levantar bandeira, mas amo meu estado, minhas origens, e reafirmo isso por onde passo, de forma muito natural. Grande parte das pessoas com quem trabalho, e todas as minhas amigas, sabem que sou sergipana, que venho do menor estado do Brasil. Mas, para os que não sabem, quando conto e mostro fotos do lugar onde nasci, ficam encantados. Acho muito legal quando, em uma campanha ou sessão de fotos, o pessoal coloca música brasileira durante todo o trabalho. Na Europa, eles amam o Brasil, mas Sergipe ainda é muito pouco conhecido — falam muito do Rio, Salvador, São Paulo. Quando mostro fotos de Sergipe, dos cânions do São Francisco, da orla de Atalaia, dos caranguejos, eles ficam loucos!
SF: A rotina de uma modelo exige disciplina, dedicação e constante adaptação a novos lugares e culturas. Você já se acostumou com esse ritmo? O que ainda é mais difícil de lidar nessa rotina?
LM: Eu amo o meu trabalho. Essa coisa de não ter rotina, de estar hoje em um lugar e amanhã em outro…Mas é uma profissão que nos cobra muita disciplina, dedicação e profissionalismo. Eu tenho a sorte de ser magra e não engordar por mais que coma. Assim, fica fácil manter o corpo e o padrão da moda. Quanto ao ritmo, já me acostumei, acho que desde sempre. O segredo é trabalhar com o que você gosta; aí até o cansaço a gente consegue driblar. O que ainda é mais difícil de lidar é o jet lag.
SF: Recentemente, você participou da quarta edição anual do Vogue World, em Los Angeles. Como foi essa experiência e o que ela representou para a sua carreira?
LM: Foi uma experiência incrível estar nos estúdios de cinema mais famosos do mundo, onde foram realizados filmes que vi quando era criança e adolescente. Foi incrível fazer parte do casting da maior revista de moda do planeta e desfilar ao lado de grandes estrelas. Participar desse evento, sem dúvidas, foi um grande marco na minha carreira.
SF: Mesmo com todo o sucesso que você tem alcançado, é nítido o quanto você valoriza suas raízes e o lugar de onde veio. Do que você sente mais falta quando está fora do Brasil?
LM: Sinto muita falta da minha família, do doce de leite que meu pai faz, do frango ao molho da minha mãe, da moqueca de peixe da minha avó. Sinto falta das minhas amigas da época da escola, da praia de Atalaia. Sinto falta disso tudo, mas estou feliz onde estou e fazendo o que estou fazendo. Todo ano, quando vou passar o Natal com eles, matamos todas as saudades.
Da Redação Sergipe em Foco


















