Dezenas de famílias ocupam terreno na Zona de Expansão

Dezenas de famílias, lideradas pelo Movimento Organizado dos Trabalhadores Urbanos (Motu) passaram a ocupar um terreno no loteamento Aquárius, no Bairro Aruanda, Zona de Expansão de Aracaju. A estimativa de Reinam Oliveira, um dos membros da coordenação da ocupação é de que, até o momento, cerca de 500 famílias estejam em processo de ocupação, embora a capacidade do terreno seja para mil. Ele disse que as pessoas envolvidas no processo não faziam parte de nenhuma outra ocupação, que são pessoas que vivem de aluguel nas regiões periféricas da região da Grande Aracaju, principalmente nos municípios de Nossa Senhora do Socorro e Barra dos Coqueiros.
“Essas famílias estão aqui em virtude de um trabalho de base muito bem feito, pois nos reunimos algumas vezes com pessoas que vivem em favelas nos locais já citados. Infelizmente, 1% da população da Grande Aracaju não tem onde morar, e 50% vivem de aluguel. Por isso estamos aqui, buscando moradia para quem realmente precisa”, declarou Reinam Oliveira. Na manhã de ontem, uma máquina retroescavadeira estava sendo utilizada para retirar a vegetação da área, mas o integrante da coordenação do Motu disse que o equipamento não era do movimento, e que teria sido arranjando pelos próprios ocupantes. Outro fato que chamou a atenção foi a presença de veículos, alguns deles, novos, na área da ocupação.
De acordo com Reinam, o terreno em questão é da União, e ele tem feito questão de alertar aos companheiros quanto a não desmatar a área de mangabeiras existente, pois além de ser de preservação, também pode servir para o sustento deles. Comentou ainda que todas as decisões estão sendo tomadas de forma coletiva, entre coordenadores do Motu e líderes da própria comunidade que está sendo formada, garantindo não haver o envolvimento de lideranças político partidárias. Dentre as pessoas que estão arriscando conseguir um “pedaço de chão” está a idosa Isabel dos Santos, 62 anos de idade. Natural de Alagoas, mas vivendo em Aracaju há 14 anos, disse estar participando da ocupação em busca de uma moradia pra ela e o esposo, de 65 anos, que é doente e não pode trabalhar.
Apenas ela mantém o sustento da casa através da cata de material reciclável, que lhe rende, por semana, cerca de R$ 80, soma que ao final do mês é insuficiente para custear o aluguel no valor de R$ 330 e alimentação. “Preciso de um lugar seguro que seja meu e do meu esposo para a gente passar o resto da vida. Mas como sei que ocupação nem sempre dá certo, não vou desalugar a casinha que tenho no Bairro Santa Maria não, vai que isso aqui não dá certo!”, diz a idosa.
Quem está numa situação parecida é a também catadora de recicláveis, Rafaela Silva Santos, 25 anos, casada e mãe de três filhos. Ela também mora de aluguel, mas a situação é um pouco mais complicada, pois há dois meses não consegue arcar com este compromisso e o dono do imóvel onde reside, no Bairro Santa Maria, já pediu as chaves de volta. “Está muito difícil, minha filha. Reciclado não dá mais dinheiro porque tem muita gente catando, e o que recebo do Bolsa Família é muito pouco, apenas R$ 102 para três crianças”, lamentou.
