“José Augusto não era herói, nem santo e tampouco o novo Lampião”, afirmou João Batista

22/10/2014 às
O secretário adjunto da Segurança Pública ratificou a legitimidade da operação policial, que culminou com a morte do pistoleiro José Augusto após uma troca de tiros com policiais no último dia 15 na cidade de Poço Verde. 
 
“José Augusto não era herói, nem santo e tampouco o novo Lampião”. A declaração do secretário adjunto de segurança, João Batista, feita na manhã desta terça-feira, 21, durante entrevista a um programa de rádio em Aracaju, que contou também com a participação da delegada geral da Polícia Civil, katarina Feitoza. 
 
Na oportunidade, os dois gestores da SSP ratificaram a legitimidade da operação policial, que culminou com a morte do pistoleiro José Augusto após uma troca de tiros com policiais no último dia 15 na cidade de Poço Verde em decorrência de cumprimento de mandado de prisão expedido pelo Poder Judiciário de Sergipe. 
 
Segundo Batista, a SSP fala com muita tranquilidade sobre o caso de Zé Augusto, que foi preso anteriormente por duas vezes pela Polícia Civil de Sergipe (uma no estado do Pará e outra nas instalações do Huse em cumprimento a mandados de prisão). 
 
“O objetivo da polícia era prendê-lo como nas duas oportunidades anteriores. Agimos para cumprir um mandado expedido pela Justiça com o aval do Ministério Público. Existia uma ordem de prisão expedida por um magistrado após um relatório emitido pelo promotor local. Infelizmente, houve um confronto que acabou com o óbito do José Augusto”, destacou. 
 
Ainda segundo o adjunto da SSP, o estado não vive em uma barbárie e nem na idade média e por isso não serão aceitos crimes de pistolagem, existência de grupos de extermínio e nem a implantação de milícias. “Quem faz justiça no Brasil e em Sergipe é o Poder Judiciário que conta com o apoio e auxílio do Ministério Público e das forças policiais. A SSP não compactua com justiceiros, grupos de extermínio e milícias. Vejam o que está acontecendo no Rio de Janeiro, onde os criminosos têm até infiltração política. Isso é muito danoso ao estado democrático de direito”, pontuou Batista. 
 
“O José Augusto não era herói, nem santo e nem tampouco o novo Lampião. Era sim um criminoso que agia friamente. Era um homicida e não pistoleiro, pois não agia em legítima defesa e sim executava as vítimas por entender que estava acima do bem e do mal”, complementou Batista. 
 
Assassinatos 
 
De acordo com a delegada Geral Katarina Feitoza, existem nove inquéritos policiais já encaminhados para a justiça sergipana e que já estão em forma de processos. “São peças jurídicas que envolvem pessoas que foram vítimas do José Augusto. São inquéritos concluídos com autoria definida e encaminhados para o Poder Judiciário”, explicou Feitoza. 
 
Segundo a delegada, ainda há sete inquéritos em fase de diligência por parte da polícia, onde o principal investigado é o José Augusto. O crime mais marcante foi o de um adolescente que foi baleado pelo José Augusto e após ser atendido por profissionais do Samu foi executado pelo pistoleiro dentro da própria ambulância, num exemplo de extrema ousadia que deixou traumas inclusive nos profissionais de saúde que foram obrigados a descer do carro. 
 
Na cidade baiana de Paripiranga, por exemplo, existe um caso envolvendo um médico que foi morto e o principal acusado era o José Augusto. Ainda na Bahia, um fato ocorrido na fazenda Branquiada, município de Fátima, envolveu um adolescente de 15 anos que foi sequestrado, assassinado e seu corpo abandonado em via rural. Um aparelho Iphone, que pertencia ao jovem, sumiu da cena do crime. 
 
"Sabe com quem estava esse aparelho? com a viúva do José Augusto. As nove vítimas foram assassinadas pelo José Augusto por ele entender que eram criminosos, esquecendo que existe Poder Judiciário, Ministério Público e polícia. Os dois casos da Bahia tinham como principal suspeito o José Augusto", destacou Katarina. 
 
Apuração 
 
A SSP instaurou inquérito policial para apurar a atuação da polícia no dia do embate envolvendo José Augusto. "Vamos investigar se houve excesso e caso seja comprovado os responsáveis serão punidos. Agora querer passar para a opinião pública que uma pessoa que era foragido da Justiça, autora de vários homicídios era Santo e a polícia foi seu algoz é um absurdo", protestou a Delegada Geral. 
 
Katarina disse ainda, que toda vez que há um evento que acontece confronto entre policiais e bandidos há a confecção de um auto de resistência e posteriormente é instaurado um inquérito policial que vai determinar se a ação foi legítima ou se aconteceram excessos. 
 
Ministério Público 
 
Com relação a intervenção do Ministério Público Estadual no caso, os gestores da SSP tratam a iniciativa com tranquilidade, acatando a requisição do Ministério Público relativa a prática de novos exames no corpo do José Augusto. 
 
Segundo João Batista, a SSP recebeu o documento e colocou de imediato toda a estrutura à disposição do MP. Os peritos da Polícia Federal foram recebidos com muito profissionalismo pelo diretor do Instituto Médico Legal de Sergipe (IML), doutor Raimundo Melo, e em nenhum momento houve constrangimento. 
 
"Acatamos, pois acreditamos que as forças de segurança pública e justiça têm que trabalhar sintonizados. Esperamos que o promotor do caso tenha também a mesma diligência com relação as vítimas do José Augusto. Acreditamos que ele vai ter o mesmo cuidado com relação as nove vítimas que foram executadas e também possuem famílias, independente se praticavam ou não crimes na região", salientou o adjunto da SSP. 
 
Ousadia 
 
Durante a entrevista, a delegada Katarina Feitoza falou que o juiz da comarca de Poço Verde e o promotor do município vinham sendo ameaçados pelo José Augusto e pediram proteção ao secretário de segurança pública João Eloy. 
 
"Ele ameaçou invadir o Fórum e o juiz e o promotor compareceram à SSP para requisitar proteção ao secretário João Eloy, além de se deslocarem utilizando veículos blindados. É bom salientar mais uma vez que mesmo ameaçando autoridades e ter cometidos os nove assassinatos o objetivo da polícia era prender o José Augusto e para isso fomos cumprir o mandado de prisão", finalizou katarina Feitoza. 
 
Delegado ameaçado 
 
A Polícia Civil já tomou conhecimento de um áudio com conteúdo de ameaças direcionadas ao delegado da cidade de Simão Dias Fábio Pimentel que está circulando nas redes sociais. Já está em andamento uma investigação para tentar identificar a autoria do material. "Já detectamos alguns casos como esse e identificamos e encaminhamos os procedimentos ao MP. Esse áudio já está conosco e vamos buscar a autoria da ameaça", informou Katarina.