A quadrilha Xodozinho, formada por crianças do Instituto Pedagógico de Apoio à Educação ao Surdo do Estado de Sergipe (Ipaese), abriu a programação do mês de junho do Espaço Cultural Deputado Djenal Queiroz, na Assembleia Legislativa. O coquetel de lançamento aconteceu na noite da última terça-feira, dia 10. Com bastante animação, a quadrilha composta por crianças surdas deu a tônica dos festejos juninos que marcam a programação do mês da festa mais tradicional do Nordeste.
Para esse mês, a mostra de artes da Assembleia também tem a exposição de pinturas e xilogravura do artista plástico Nivaldo Oliveira. Na ocasião, o escritor João Lover fez o lançamento do seu livro “Poesia e Pensamento”. A noite teve ainda a participação de poetas populares que fizeram a declamação de cordel. A abertura a programação foi feita pela diretora de Comunicação Social da Assembleia, a jornalista Sandra Cruzz, representando a presidente da Casa, deputada estadual Angélica Guimarães (PSC). A deputada Ana Lúcia (PT) também prestigiou o lançamento.
“O Espaço Cultural da Assembleia Legislativa se transforma em um arraial para comemorar o São João de todos nós sergipanos, nordestinos e brasileiros. Nesta noite, tudo remete aos festejos juninos que tanto encantam a nossa gente. O compromisso com nossas tradições culturais é também um dever desta Casa que é do povo sergipano”, disse Sandra Cruzz.
As 21 crianças integrantes da quadrilha Xodozinho, do Ipaese, encantaram o público. Mesmo sem ouvir, os pequenos não perderam o ritmo e apresentaram o melhor do tradicional forró. Para a coordenadora pedagógica do Instituto, Margarílya Raimundo, foi maravilhoso receber o convite para se apresentar na Assembleia. “É uma porta que se abre, é uma oportunidade que temos de mostrar o nosso trabalho e também fazer com que as nossas crianças sejam reconhecidas”, disse.
O Ipaese é uma ONG, sem fins lucrativos, que existe há 13 anos e oferece desde a educação infantil até o ensino médio educação regular a crianças e adolescentes surdos, através da Língua Brasileira de Sinais (Libras). “Eventos como esses abrem janelas, abrem portas e leva a gente ao conhecimento da sociedade”, destacou Margarílya. Este é o segundo ano de formação da quadrilha Xodozinho e a apresentação na Assembleia foi a primeira fora do Instituto. “É a realização de um sonho”, completou Margarílya.
Artes plásticas
Motivos populares e sacro são a temática dos quadros expostos pelo artista Nivaldo Oliveira, que chega ao Espaço Cultural da Assembleia Legislativa pela primeira vez. Nas telas, santos barrocos das igrejas do município de São Cristóvão, cidade que esse baiano há oito anos escolheu para morar. “As xilogravuras já são totalmente diferentes, com temática ligada ao ciclo junino, com bandas de pífano, São João do Nordeste, os grupos folclóricos de Sergipe”, explicou Nivaldo. Ele disse que quando recebeu o convite da curadora do Espaço, jornalista Ilma Fontes, de pronto aceitou. “É uma ideia muito interessante”, ressaltou.
Poesia
Durante a abertura da programação, o escritor João Lover fez o lançamento do seu último trabalho, “Poesia e Pensamento”. A obra traz 130 poemas de temática variada, como poemas românticos, políticos, religiosos, que falam da natureza. “Posso dizer que tem ingredientes de filosofia e crônicas com passagens cotidianas em verso”, revelou. Esse é quarto livro desse pernambucano que há pouco mais de dois meses está vivendo em Sergipe, onde trabalha na Justiça Eleitoral.
Para ele, expor seu trabalho na Assembleia Legislativa é uma excelente oportunidade. “O que o artista quer é mostrar o que ele quer dizer. Então esse é um espaço maravilhoso. Porque o artista tem que ir aonde o povo está e nada melhor que a Casa do povo. É um prazer enorme”, declarou João Lover.
A noite teve ainda a rica participação dos poetas populares do ciclo junino. Para isso, foram convidados os cordelistas Zezé de Boquim, Ronaldo Dória, João Emanuel e Pedro Amado. Além de declamarem seus cordéis, mostrando a riqueza da nossa cultura, eles interagiram com o público. O cordelista Pedro Amado expressou sua alegria em participar do evento. “Estamos alegres em participar como cordelista aqui da programação do mês de junho da Assembleia. Precisamos divulgar muito o cordel, porque hoje é um tipo de arte que está muito restrito às pessoas mais idosas”, disse.
Ele externou seu receio que, por conta desse desinteresse da juventude, esse tipo de arte se acabe. “Tenho muita preocupação e quando encontro jovens eu digo que se os jovens não levarem a sério a cultura ela se acaba. É preciso aprender a fazer cordel. E não tem dificuldade”, disse.