Atentado contra professor é discutido em congresso
Aldaci de Souza
04/09/2014 -

“Todos os diretores de escola, atualmente, são unânimes em afirmar o afastamento dos pais da escola. O diretor de escola hoje é um articulador e precisa entender da mediação de conflitos e como os diretores são professores, não entendem porque não faz parte do currículo. Aí, agem como cego no meio do tiroteio”. A afirmação foi feita na manhã desta quinta-feira, 4, pela professora Josevanda Franco durante mini-curso promovido Instituto Brasileiro de Direito de Família Seção Sergipe (IBDFAM).

Na explanação sobre Gestão Democrática e Participação da Comunidade, Josevanda Franco enfatizou o atentado contra o professor Carlos Cristian.

“Se tivesse sido utilizada essa metodologia no Olga Barreto, nada daquilo teria acontecido. O Olga é uma escola de concreto, pastilhas e grades. Não há uma única planta, um único verde naquela escola. Será que ali é um ambiente escolar? O projeto arquitetônico precisa de um projeto pedagógico e o projeto político pedagógico é a alma da escola. É o que vai dar o norte. Não dá para imaginar que numa escola feita por concreto, pastilhas e grades não tem como desenvolver um projeto político pedagógico”, acredita enfatizando que as primeiras informações sobre o atentado dizem que professor foi baleado por causa de uma nota baixa.'Não sei se foi só isso. Há toda uma sistemática por trás. A escola é e está na sociedade violenta'.

 Ela enfatizou que a ressignificação da Gestão Escolar busca a superação do autoritarismo, da centralização, da fragmentação do trabalho pedagógico, da mecanização, da uniformização e cristalização do procedimento, do controle de comportamento e da repressão.

“Não é só a questão salarial pura e simplesmente. Hoje o professor é apresentado como responsável. A escola absolve tudo, Educação para o Trânsito, Educação Social e ainda há quem queira que o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), seja inserido como disciplina. E que ministraria, um professor de redação?, afirma acrescentando que a matriz curricular é completamente inócua, incompleta, não atrai, além de ser incompatível com o Exame Nacional de Ensino Médio (Enem).
 “Quantas vezes estudamos substantivos? Quantas vezes estudamos o Egito? A tabela periódica nunca vai entrar no Enem. A matriz curricular do Ensino Médio não interessa ao adolescente, não desperta curiosidades e o mais grave: quando chega no curso superior descobre que tudo aquilo não valeu nada. E ainda tem pais que questionam quando o filho fica em recuperação na disciplina de Filosofia. Não sei se seria melhor os adolescentes  aprenderem a honra dos japoneses do que trigonometria”, acredita.

Ao mesmo tempo, Josevanda Franco destaca que existem escolas fazendo simulados para o Enem no 6º ano para crianças de 11 anos. “Quando esse aluno chegar no Enem, já surtou e é uma situação que estamos vivendo cada vez mais”, finaliza citando Galileu Galisteu. 'O tempo não passa, nós é que passamos'.

Os mini-cursos estão acontecendo como parte da programação do Congresso Família, Gênero e Concretização dos Direitos Fundamentais, aberto na noite desta quarta-feira, 3 pela ministra do Superior Tribunal Militar (STM), Maria Elizabeth Guimarães Teixeira Rocha. Participaram ainda do evento, a procuradora Maria Conceição Figueredo e a professora Karyna Sposato.