Foi grande o movimento na sede do Complexo de Operações Especiais da Polícia Civil (Cope) na manhã desta quarta-feira, 29, após o cumprimento dos mandados judiciais, que culminou com a prisão de 37 suspeitos de integrar uma quadrilha especializada em fraudar documentos de veículos emitidos pelo Departamento Estadual de Trânsito (Detran). Alguns conversaram com o Portal Infonet, outros preferiram o silêncio e os advogados já estão estudando os respectivos processos judiciais para articular o remédio jurídico específico para retirar os suspeitos da prisão.
Os suspeitos continuam sendo ouvidos por um grupo de delegados da polícia civil na sede do Cope. Após os depoimentos, eles serão transferidos para as delegacias, onde permanecerão à disposição da justiça. Além de familiares que se aglomeraram na porta do Cope, supostas vítimas também chegaram ao Complexo na tentativa de resgatar documentos de veículos que estariam em poder de despachantes presos.
No início da manhã, o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil em Sergipe (OAB/SE), Carlos Augusto Monteiro Nascimento, recebeu reclamações de advogados que estariam encontrando dificuldades para ter acesso aos presos. “Mas acionamos a Comissão de Prerrogativas e a secretária executiva da Secretaria de Segurança para verificar e a situação foi contornada”, revelou o presidente da OAB/SE.
Precipitação
A maioria dos advogados informou ao Portal Infonet que ainda não tinha condições de se manifestar por não ter ainda analisado o processo que culminou com as prisões. Mas o advogado João Gois Neto considerou a operação precipitada. “Acredito que houve uma precipitação do Poder Judiciário e também da polícia. Meu cliente, por exemplo, não tem nada a ver”, ressaltou. Segundo revelou, o cliente é Cléverton de Oliveira, conhecido como China, funcionário de uma loja revendedora de veículos, que teria como proprietário um funcionário do Detran. O advogado estranha o fato do dono do estabelecimento não ter sido preso. Cléverton acabou incluído no processo, segundo o advogado, por ter sido rastreado nas ligações telefônicas.
O advogado Paulo Afonso se surpreendeu com a prisão do cliente, Romildo da Silva, de uma assentamento em Japaratuba. "Conheço ele como uma pessoa de bem, trabalhadora, que mexe com comércio de produtos veterinário, no povoado São José", disse o advogado. Ele revelou que vai analisar o processo para, posteriormente, se manifestar.
A comerciante Adriana Soraia [irmã de Carlos Alex Brito, preso em Itabaiana] está gestante, passou mal na porta do Cope e foi amparada por agentes da Polícia Civil. “Meu irmão vende fardo de carvão e um cara que ele andava é que foi preso com um carro roubado”, contou. “Todo mundo pensa que em Itabaiana ninguém trabalha e ele [o irmão] tem síndrome de pânico”, revelou.
Ela conta que o pai morreu em um acidente de trânsito, em 2006, provocado pelo próprio irmão que agora está preso. “Meu pai mandou ele ligar o motor e o caminhão passou por cima dele [do pai] e matou”, disse, entre lágrimas. “É muito trauma”, completou.
Solidariedade
O deputado Samuel Barreto [capitão da Polícia Militar] chegou ao Cope por volta das 10h para prestar solidariedade aos policiais presos. “Primeiro vim parabenizar a polícia pelo trabalho que está fazendo para reduzir o roubo, mas os policiais [sargento Valfran e o agente civil Reis, presos] são grandes amigos e, independentemente de serem culpados ou não, temos que dar apoio em todos os momentos”, justificou.
Os suspeitos continuam prestando depoimento no Cope. A SSP promete informar detalhes da operação e seus desdobramentos em entrevista coletiva que será concedida por um grupo de delegados nesta quinta-feira, 30.