Antes mesmo de concluir o ensino médio, Lorena Barreto Araújo, de 19 anos, já havia estabelecido metas e prioridades para alcançar a tão almejada vaga no curso de medicina. Sergipana de Moita Bonita, município distante 64km da capital, Lorena contou com muita disciplina e foco para ser uma das 250 pessoas a alcançar a nota 1000 na redação do Enem 2014.
Apesar de ter sido uma surpresa chegar à pontuação máxima, a estudante já sabia que tinha realizado uma boa prova. “Sempre procurei ser organizada com meus estudos e manter a disciplina. Tinha como meta fazer uma redação por semana no período em que estava me preparando para o Enem, mas houve semanas que cheguei a fazer quatro. Sempre que concluía uma, mostrava para meus professores e ia tentando consertar os erros cometidos e não mais repeti-los. Acho que isso me ajudou muito no desempenho”, contou a moça.
Assim como os demais candidatos do Enem, o tema da redação não era o imaginado por ela. “Publicidade infantil em questão no Brasil” não era tão esperado quanto temas envolvendo violência, direitos da mulher ou homofobia, por exemplo, e muita gente teve dificuldades em discorrer sobre o assunto. No entanto, Lorena não teve dificuldades. “Acredito que o segredo da redação não está no tema, mas na técnica e, sobretudo, na prática. Além de escrever muito, procuro ler de tudo, por necessidade e por gosto também”, frisou.
Além dos 1000 pontos na redação, Lorena ainda somou 781,9 pontos nas demais provas. Este ano, foram 6.193.565 candidatos (71% do total de 8.721.946 inscritos), sendo que, deste total, 529.374 obtiveram nota zero na redação da prova (8,5% dos candidatos), o que não foi o caso da sergipana de Moita Bonita. “Eu já tinha experiência. Vinha fazendo o Enem desde 2011, quando nem tinha concluído o ensino médio e fiz para me testar. Eu sabia que a redação me colocaria na universidade ou tiraria a minha oportunidade de entrar, por isso, me dediquei ao máximo. Nunca precisei perder noite, nem abrir mão de estar com minha família, namorado e amigos. Estudava nos fins de semana, mas também me divertia”, relatou ela.
Tendo que dividir seu tempo entre estudos, coordenação de grupo de jovens e outras atividades como professora de um curso de idiomas, Lorena estabeleceu um cronograma de estudos onde determinou peso para as disciplinas estudadas. Cada uma tinha um peso e, de acordo com esse peso, eram reservadas as horas de estudos específicas. “Procurei manter o meu psicológico sempre tranqüilo e nunca fui negligente com meus estudos. Além disso, lia, ouvia música, ficava com a família para relaxar e conter a ansiedade”, revelou.
Lorena tem em casa uma de suas inspirações. A mãe é professora do ensino público do Estado e, por isso, ela entende as dificuldades que alguns alunos tiveram neste Enem, mas também alerta para desinteresse. “O Governo exige muito nessas provas e até dá alguns subsídios, como bons livros para os estudantes, mas peca quando se trata da qualificação dos professores, estrutura das escolas, extensão no ensino, e outras coisas também. Mas, tem que se observar o fato de que algumas pessoas não têm estrutura alguma, nem material, e conseguem chegar lá. Por isso, entendo que também falta interesse e dedicação dos estudantes. É um conjunto de fatores”, salientou.
Almejando a tão esperada vaga na Universidade Federal de Sergipe (UFS), a jovem segue esperançosa. Ela já passou no vestibular de Universidade Tiradentes (UNIT) e, em 2013 chegou a ser aprovada em três universidades nos estados do Paraná, Paraíba e Bahia. “Estou muito feliz pelo meu desempenho. Agora é torcer para conseguir ingressar em Medicina pela UFS”, concluiu animada.