Envelhecimento mais rápido da população em SE
foto ilustrativa
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Ascom
14/08/2014 -
A queda na taxa de fecundidade, que corresponde ao número médio de filhos por mulher, é um dos principais motivos para o envelhecimento da população nas últimas décadas. A pesquisa realizada pelo professor da Universidade Federal de Sergipe (UFS), Neilson Santos Meneses, aponta que os bairros com mais idosos estão concentrados no Centro de Aracaju. A pesquisa sobre “A dinâmica demográfica e o envelhecimento populacional em Sergipe” foi desenvolvida com o apoio da Fundação de Apoio à Pesquisa e à Inovação Tecnológica de Sergipe (Fapitec/SE).
 
O professor Neilson Santos explica que a pesquisa surgiu de uma demanda do  Núcleo de Análises e Pesquisas em Políticas Públicas (NAPs)  da Secretaria de Estado do Planejamento, Orçamento e Gestão (Seplag) para realizar um levantamento sobre a dinâmica demográfica sergipana.  Segundo o pesquisador, Sergipe está vivendo um processo de envelhecimento populacional rápido e intenso nas últimas décadas por causa da queda da taxa de fecundidade. Neilson explica que em 1940, a população sergipana era de 540 mil habitantes e em 2010 alcançou 2 milhões de habitantes, o que segundo o pesquisador, demonstra uma desaceleração no crescimento populacional relativo quando comparado a outras décadas.
 
O processo de envelhecimento populacional é global ocasionado pelas transformações socioeconômicas, políticas e culturas que provocaram mudanças importantes na sociedade. Segundo o professor Neilson, no Brasil o processo ainda está nas etapas iniciais, e como consequência, a população sergipana também está inserida neste processo de envelhecimento. “Essa redução do ritmo do crescimento populacional se deu pela queda da taxa de fecundidade. Os dados coletados ainda apontam que o ritmo da desaceleração do crescimento populacional será ainda maior nas próximas duas décadas.”, explica Neilson.
 
As principais causas apontadas pelo pesquisador para a redução do crescimento populacional em Sergipe são: menor imigração no estado,  queda na taxa de fecundidade, aumento da escolarização da mulher, maior participação da mulher no mercado de trabalho, maior acesso aos métodos contraceptivos, aumento do custo da criação de filhos e mudanças nos valores culturais em relação ao número de filhos.
 
Envelhecimento da população
 
Ainda segundo o pesquisador, há uma forte concentração espacial da população no território da grande Aracaju, que concentra 52,2 % da população urbana do Estado, promovendo um forte desequilíbrio demo territorial. “Em seis municípios, com mais de 50 mil habitantes do Estado (Aracaju, Nossa senhora do Socorro, Lagarto, Itabaiana, São Cristóvão e Estância) concentram-se mais da metade da população no total 50,3%”.
 
De acordo com Neilson Santos, a queda na taxa fecundidade tem como consequência o início do processo de envelhecimento.  Atualmente, os “bairros mais envelhecidos” de Sergipe estão localizados no Centro da cidade. “Há um envelhecimento nos bairros centrais de Aracaju destacando os bairros São José, Centro, Santo Antônio, Treze de Julho, Suíssa e Cirurgia. Já os bairros mais jovens estão localizados na periferia, pois têm uma taxa de fecundidade maior e também há um número grande  de jovens migrantes de outros estados. Por exemplo, a gravidez na adolescência é maior nesses bairros”, explica.
 
Políticas públicas
 
Com o aumento do número de idosos na população sergipana, Neilson Santos afirma que é preciso adotar algumas medidas tanto no aspecto social como urbano para receber esse novo perfil populacional. Segundo o pesquisador, a cidade precisa se preparar para receber os idosos. “Por exemplo, na dimensão social, a atenção social ao idoso será crescente, pois a população está crescendo em uma velocidade maior do que outros grupos de jovens e adultos. Por exemplo, temos hospitais no Estado e nenhum deles tem área geriátrica para atender a população idosa”, afirma Neilson.
 
O pesquisador ainda acrescenta a necessidade de mudanças na área urbana. “Já na dimensão da estrutura urbana, a gente tem o desafio de tornar as cidades mais acessíveis aos idosos. Então, os transportes, as calçadas e os equipamentos de lazer precisam ser pensados em um público-alvo que já não são as crianças”.
 
Além disso, o professor Neilson Santos aponta algumas mudanças que já devem ser pensadas pelo poder público. Segundo ele, é preciso promover uma maior interação entre instituições formais e informais que atendam ao idoso exemplificando ações de setores distintos, como seguridade social, saúde, infraestrutura urbana e entre outros. Além de  impulsionar diferentes fórmulas de complementação das aposentadorias; capacitar os agentes do programa Saúde da Família em questões básicas de geriatria e gerontologia, de modo que os mesmo sejam difusores de informações sobre praticas que levam um envelhecimento saudável e  estimular cursos de cuidadores de idosos, valorizando o trabalho dos mesmos.
 
Coleta de dados
 
O projeto foi desenvolvido durante dois anos com o apoio da Fapitec/SE e contou com a participação do bolsista Clarckson Messias e da colaboradora Fernanda dos Santos. Para desenvolvimento da pesquisa, o professor Neilson conta que realizou um levantamento bibliográfico com objetivo de mapear pesquisas populacionais existentes em Sergipe. Em uma segunda etapa do projeto, iniciou-se a coleta de informações sobre a população sergipana, utilizando num primeiro momento os dados da FIBGE, de anuários estatísticos publicados pela SEPLAG/SUPES, dados do SINASC/SIM (a partir da base do DATASUS). Após o levantamento, foi construído um banco de dados com informações e indicadores sócio demográficos sobre Sergipe e seus municípios, com dados a partir dos anos 1980.