Tem início a partir de hoje, 25, e vai até o dia 31 de agosto, a Semana da Amamentação Negra. A ação é inspirada na Black Breastfeeding Week (Semana de Amamentação Negra), criada em 2012 nos Estados Unidos por três mulheres negras – Kimberly Seals Allers, Kiddada Green e Anayah Sangodele-Ayoka – com o propósito de incentivar e apoiar mães negras no processo de amamentação, principalmente no quesito representatividade. Em sua segunda edição, a #SAAN se apresenta com o tema “A grande pausa – descanso coletivo para empoderamento coletivo” e convida todas as mulheres para honrar a Amamentação negra como uma revolução.
Dados sobre a realidade das mães negras e seus filhos demonstram a necessidade de uma maior discussão a respeito do assunto. A mortalidade infantil, um dos principais indicadores de saúde e desenvolvimento humano, é quase o dobro na população negra se comparada com a não negra no Brasil. “Sabemos que o aleitamento materno é um fator importante para redução da mortalidade infantil, independente do peso ao nascer, situação sócio econômica e grau de instrução materna”, destaca a médica-pediatra e consultora internacional de Lactação pelo IBLCE, Débora Leite.
Outras situações sociais e de saúde impactam diretamente no dia a dia das mães negras lactantes. Elas recebem uma pior assistência pré-natal, menos orientações sobre amamentação; têm menos chance de ter licença maternidade já que são a maior parte dos trabalhadores informais do Brasil; têm menores salários e, portanto, menos condições de buscar ajuda; moram principalmente nas periferias das cidades, onde há menor quantidade de serviços públicos especializados em amamentação, e têm menos acesso a rede de apoio. Débora Leite ressalta a importância da implementação de medidas para que a mãe negra seja reconhecida e tenha a garantia dos seus direitos.
“Os benefícios do leite materno já foram amplamente divulgados e não há controvérsias sobre o tema, mas infelizmente nossa taxa de aleitamento é inferior ao desejado. Por isso, medidas práticas de apoio amamentação como licença maternidade extendida até 6 meses, sala de apoio a amamentação e flexibilidade de horário para ordenha, local de acondicionamento do leite. A sociedade precisa lutar para que toda mulher tenha o direito e mais importante, condições de manter seu aleitamento enquanto participa do mercado de trabalho”, pontua Débora.
Fonte: Assessoria