O projeto de transformação de fibra de coco verde em tijolos sustentáveis, de alunos e professores do Colégio Estadual Prefeito Anfilófio Fernandes Viana, em Umbaúba, ganhou o segundo lugar na categoria engenharia da Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (Febrace), realizada em São Paulo (SP), na última sexta-feira, 20. A meta do grupo é substituir o barro de casas de taipa pelo novo tijolo.
Feitos de fibra de coco, cimento e arenoso, os tijolos sustentáveis são produzidos em uma prensa manual de madeira. O material é seis vezes mais resistente que o convencional, feito de argila.
"Isso demonstra o quanto alunos de escola pública têm potencial. Eles mostraram com muita maestria o quanto Sergipe produz ciência. E é através desse projeto que eles poderão transformar muitas vidas realidades", disse o professor de biologia Alisson Souza.
Descarte irregular de cocos motivou projeto
Foi após uma aula de química do professor Makel Bruno Oliveira, sobre sustentabilidade, que os alunos do Ensino de Jovens e Adultos (EJA) identificaram um problema: na comunidade em que eles moravam, no povoado Colônia Sergipe, em Indiaroba, um vendedor abria em torno de mil cocos por dia e descartava as cascas.
Ao iniciarem as pesquisas, perceberam que a dimensão do problema de descarte irregular era ainda mais abrangente, já que Sergipe é o quarto estado com maior produção de coco do Brasil, e o país é o quinto maior produtor mundial, gerando cerca de 6,7 milhões de toneladas de cascas descartadas por ano.
O projeto foi passado para alunos do ensino médio e ultrapassou as barreiras da química, envolvendo também biologia, física, engenharia, matemática, carpintaria, entre outros. “Tivemos que fazer vários testes, como de compressão, durabilidade, absorção de água, acústica, impermeabilização e resistência a incêndios”, lembrou Makel Bruno.
Segundo ele, todos os procedimentos seguiram orientação da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP) e comprovaram que os tijolos estão aptos para a utilização em paredes de alvenaria.
Sem financiamento, após finalizar os tijolos, o grupo reuniu moradores do povoado Sítio Novo, em Indiaroba, e realizou oficinas para os ensinarem a fazer os tijolos. Com a prensa manual, é possível fazer cerca de 16 tijolos em uma hora. O tempo de cura é de sete dias.
"Queremos mudar a vida de muitas pessoas, incluindo crianças, que vão poder morar em um ambiente mais seguro, confortável, com maior qualidade de vida, diminuindo a possibilidade de pegar doenças como barbeiro e ter mais segurança, evitando contato com animais como cobras, ratos", disse o aluno Yan Kayk da Cruz Ferreira.
Fonte: Jéssica França, g1 SE