O governador Jackson Barreto (PMDB), reeleito com 53,52% da preferência do eleitorado sergipano, admite que encontrará dificuldades para conduzir o Estado e já antecipou pelo menos duas medidas para minimizar os impactos provocados pela crise financeira.
Uma das medidas, o governador pretende anunciar no final do ano, referente à reforma administrativa que ele fará na administração estadual. E a outra já vem sendo negociada na Assembleia Legislativa para aprovação de um projeto de lei que prevê a antecipação da fatia dos royalties destinados pela Petrobras ao Estado de Sergipe pela exploração do petróleo.
Em relação à reforma administrativa, Jackson Barreto não dá muitos detalhes, mas reconhece a necessidade de enxugar a máquina, com a fusão de pelo menos oito secretarias e de buscar mecanismos que possam enfrentar os limites impostos pela Lei de Responsabilidade Fiscal. Atualmente, o Estado funciona com 26 secretarias e dez empresas públicas. “Vamos fazer mudanças profundas na administração, diminuir o tamanho da máquina porque tenho que trabalhar para que esse limite prudencial nos dê condições de atender a todos os compromissos que assumi”, observou, numa referência ao plano de cargos e carreira dos servidores públicos.
Jackson lamenta o déficit previdenciário, avaliado em R$ 650 milhões [herdado, segundo enfatizou, de governos anteriores à gestão de Marcelo Déda, governador que faleceu no final do ano passado]. Jackson revelou também que houve queda do Fundo de Participação do Estado (FPE), que passou do patamar de R$ 52 milhões para R$ 37 milhões. “Vou sofrer muito por falta de recursos. Um prejuízo de R$ 15 milhões. Ter uma queda de receita dessa é o mesmo que matar”, avaliou.
Em decorrência do déficit da previdência, o governo, segundo Jackson, é obrigado a repassar mensalmente algo em torno de R$ 70 milhões para a previdência social. Com as medidas que pretende implantar, a partir da aprovação de projeto de lei na Assembleia Legislativa prevendo a antecipação dos royalties, estes impactos serão minimizados e a administração terá maior fôlego, na ótica do governador, para destinar mais recursos para a saúde, educação e segurança pública, que serão as áreas prioritárias na futura gestão.
O projeto, segundo Jackson, já está em tramitação no Poder Legislativo. Mas os deputados não aprovaram, segundo Jackson, porque tinham convicção que o senador Eduardo Amorim venceria a eleição e a antecipação dos royalties, na ótica da bancada aliada dos Amorim, iria atrapalhar a administração dele. “Vou lutar pela antecipação destes royalties para ajudar o problema da previdência pelo menos por dois anos”, ressaltou.”Antes, a Assembleia se negava [a aprovar o projeto] porque achava que Eduardo iria ser o governador, mas como o governador é Jackson Barreto...”, complementou.
Técnico político
Os nomes para compor o primeiro escalão, o governador ainda não definiu, mas já tem em mente o perfil que terá o seu futuro secretariado. “Nomes ainda não tenho, mas não vou fazer distinção de político e técnico. Quero que seja um político que tenha formação técnica e que tenha competência e um técnico que tenha sensibilidade política”, observou. “Porque, de repente, coloca-se ‘quero mais técnicos no governo’, mas quero técnicos que tenham a sensibilidade para conversar com o povo, dialogar, para ir para o campo e não ficar no gabinete”, considerou.
A futura equipe, segundo Jackson Barreto, será pautada no trabalho e sintonizada com os clamores da população. “Não quero fazer, nestes quatro anos de governo, secretários e diretores de órgãos engavetados no gabinete, tem que ir para o campo, tem que ouvir o povo, tem que saber receber as críticas e tem que buscar soluções”, opinou, ao desenhar o perfil dos futuros assessores.
Agenda
Jackson Barreto viajará ainda nesta segunda-feira, 6, para Brasília. Ele terá encontro com a presidente Dilma Rousseff na terça-feira, 7, para ajustar detalhes da campanha para o segundo turno das eleições e, posteriormente, seguirá para Fortaleza, capital cearense, para negociar entendimentos com o Banco do Nordeste. “Quero ver se consigo com o Banco do Nordeste o patrocínio para a obra da catedral. Não vou parar, vou continuar trabalhando”, diz Jackson, numa referência a sua agenda administrativa neste final de mandato.