Greve dos bancários atinge todos os estados do país mais o DF
(Foto: Geraldo Bubniak/AGB/Estadão Conteúdo)
(Foto: Geraldo Bubniak/AGB/Estadão Conteúdo)
G1 São Paulo
30/09/2014 -

Os bancários de bancos públicos e privados decidiram entrar em greve a partir desta terça (30), por tempo indeterminado, segundo a Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT).

Nesta manhã, agências amanheceram com adesivos colados nos vidros, indicando a paralisação.

Sindicatos de todos os estados confirmaram adesão à greve, além do Distrito Federal (veja abaixo como está a adesão à greve nos estados).

 

Paralisação pelo país

Em Sergipe, o único banco que não está participando do movimento grevista é o Banese. Os trabalhadores da instituição decidiram aceitar a proposta feita pelos banqueiros. Com isso, as agências do banco estadual estarão funcionando normalmente. O presidente do Sindicato dos Bancários de Sergipe (Seeb/SE), José Souza, diz que ainda não é possível calcular qual o quantitativo de adesão do movimento nas demais instituições financeiras.

 

Bancários de bancos públicos e privados de todas as regiões do Paraná decidiram aderir à greve nacional da categoria. Com isso, várias agências ficarão fechadas em todo o estado. A paralisação, segundo o Sindicato dos Bancários de Curitiba e Região Metropolitana, é por tempo indeterminado.

 

O Sindicato dos Bancários do Ceará informou, nesta terça-feira (30), que a greve deve ser “forte” em Fortaleza e no interior do estado. “Nosso objetivo é que seja forte e rápida para minimizar os danos para a população”, disse o diretor executivo do sindicato, Clércio Morse, que espera dar celeridade as negociações com o movimento grevista.

 

Em Santarém, no Pará, segundo o sindicato que representa a categoria, os funcionários de bancos públicos e privados vão aderir ao movimento grevista.

 

“Como a categoria bancária tem a consciência coletiva, todas as agências serão paralisadas. O que vai ficar funcionando são somente os auto atendimentos de todas as agências. Tanto o banco público quanto o banco privado vai ser paralisado. Temos orientação do nosso comando nacional para que todos os bancos sejam paralisados”,  informou o diretor do Sindicato dos Bancários em Santarém, Joacir Pereira.

 

Na Paraíba, pelo menos 160 agências bancárias, integrantes da base do sindicato, vão parar por tempo indeterminado, segundo o presidente do Sindicato dos Bancários da Paraíba, Marcos Henriques.

 

Marcos Henriques garantiu que os bancários vão manter o serviço de compensação de cheques e o abastecimento dos caixas eletrônicos. “O autoatendimento vai ficar aberto para saques. Hoje, 86% dos serviços são feitos no autoatendimento”, comentou.

 

Os bancários de Mato Grosso também entram em greve na manhã desta terça-feira (30) e o atendimento interno nas agências deverá permanecer interrompido por tempo indeterminado, de acordo com o Sindicato dos Bancários do estado (SEEB-MT).

 

Segundo José Guerra, presidente do Sindicato, atualmente o estado possui seis mil bancários e 360 agências, sendo que a maioria delas não deve abrir durante a greve. Para quem está preocupado com o vencimento das contas, uma dica do sindicato é que elas podem ser pagas pela internet, casas lotéricas, além de supermercado e agências dos correios.

 

Os servidores bancários de Roraima rejeitaram a proposta de aumento de 7,35% nas verbas salariais e 8% no piso salarial oferecida pela Federação Nacional dos Bancos (Fenaban). De acordo com o presidente do Sindicato dos Bancários do estado Adalton Andrade, a proposta é considerada insuficiente.

 

"Com o aumento oferecido na proposta, não dá para negociarmos", salientou o presidente do Sindicato, acrescentando que a greve atinge todas as agências do estado, sendo que 30% dos serviços continuam sendo oferecidos, conforme a legislação.

 

Os bancários do Estado do Maranhão também entraram em greve. A categoria aderiu à greve nacional dos bancários, que reivindica, dentre outros pontos, reajuste salarial de 35%, reposição das perdas salariais, contratação de mais bancários, fim das demissões imotivadas e isonomia.

 

“A greve é em todo território nacional, com previsão de adesão de todas as agências no Maranhão. O grau de adesão vai depender da mobilização dos bancários. Fizemos assembleia ainda há pouco, que apenas ratificou a do dia 25, em que julgamos insuficiente a proposta apresentada. Toda a categoria deve suspender as atividades”, disse o presidente do Seeb-MA, José Maria Nascimento.

 

Quem procurou as agências bancárias do Acre se deparou com adesivos de "greve bancária" afixados nas entradas das instituições. A categoria decidiu, em assembleia no dia 25, aderir ao movimento nacional que pede reajuste salarial de 12,5%, aumento do piso de R$ 1.940 para R$ 2.979,25, reposição das perdas salariais, combate ao assédio moral, fim das metas abusivas e fim de demissões sem motivos.

 

Segundo o presidente do Sindicato dos Bancários do Acre, Edmar Batistela, a proposta da Fenaban é um "abuso" e não atende às reivindicações da categoria. "Essa proposta é um abuso, eles exigem um lucro de pelo menos 25% por ano nos seus resultados e na hora de oferecer aumento salarial apresentam esse valor. Essa greve é por tempo indeterminado até que eles tragam uma proposta digna para negociação", diz.

 

Os bancários do Piauí iniciaram nesta terça-feira (30) uma greve por tempo indeterminado. "Nós pedimos também 13º, cesta alimentação, auxílio creche de R$ 724 ao mês, que as agências adotem mais segurança, mais contratações e denunciamos o assédio moral, pois os funcionários são obrigados a cumprirem longa jornada de trabalho", contou o presidente do sindicato, Arimatéa Passos.

 

Os bancários da Bahia aderiram à greve nacional e iniciaram a paralisação por tempo indeterminado, segundo informações do sindicato da categoria. O G1 percorreu algumas regiões da cidade, como o centro, Comércio e Avenida Sete, e todas as agências bancárias estão fechadas nesta terça-feira. Há pelo menos um representante do sindicato em cada unidade. Os terminais de autoatendimento funcionam normalmente.

 

O Sindicato dos Empregados dos Estabelecimentos Bancários de Montes Claros e região confirmou que funcionários de 14 municípios aderiram à greve que atinge Minas Gerais e outros estados do Brasil. 

Os bancários das regiões de Florianópolis, Blumenau, Chapecó e Criciúma, em Santa Catarina, também aderiram à greve nacional. O atendimento presencial nas agências não está sendo feito. Na região de Lages, na Serra de Santa Catarina, haverá a assembleia dos trabalhadores na noite desta terça para decidir se vão aderir à paralisação.

 

No Rio de Janeiro, bancários  estavam concentrados desde o início da manhã  na sede do sindicato e no entorno das Avenidas Presidente Vargas e Rio Branco, no Centro, para iniciar a paralisação da categoria. Segundo os bancários, os funcionários explicavam para os clientes do auto-atendimento, que formavam filas nas agências nesta manhã, sobre o movimento grevista.

 

No Rio Grande do Norte, a adesão no estado foi tomada por unanimidade em assembleia realizada no dia 23 na sede do sindicato, em Natal. Na segunda-feira (29), o Procon do Rio Grande do Norte notificou o Sindicato dos Bancários do estado para garantir efetivo mínimo de 30% de funcionários trabalhando durante o período de greve.

 

No Tocantins, bancários do iniciaram a paralisação geral das atividades após decisão em assembleia realizada na sede do Sindicato dos Bancários do Tocantins (Sintec-TO) em Palmas. Segundo informações do Sintec-TO dos 89 votantes, 79 votaram foram a favor da paralisação.

 

Em Goiás, bancários também decidiram entrar em greve. Segundo Sérgio Luiz Costa, presidente do Sindicato dos Bancários do Estado de Goiás, existem cerca de 500 agências, além de outros 300 postos de atendimento conveniados. Em todas as unidades, somente os caixas de autoatendimento irão funcionar.

 

No Amazonas, apenas parte das agências aderiu à greve. Segundo o presidente do Sindicato dos Bancários do Amazonas (SEEB-AM), Nindberg Barbosa, todas as agências do Centro de Manaus já aderiram ao movimento. "Por enquanto, as agências dos bairros [capital] vão continuar fazendo atendimento à população. Foi decidido começar com as do Centro para não prejudicar muito a população, já que hoje [terça] é dia de pagamento", explicou.

 

O que para e o que funciona

 

Carlos Cordeiro, presidente da Contraf-CUT, informou que a greve será iniciada apenas em agências bancárias. Caixas eletrônicos, serviços de teleatendimento e centros administrativos continuam funcionando.

 

Porém, segundo Cordeiro, existe a possibilidade de estender a greve a outros setores se as negociações com a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) demorarem. "A nossa greve sempre começa pelas agências bancárias. A cada dia que passa que isso [acordo entre a categoria e os bancos] não ocorre, a greve tende a crescer e atingir setores mais estratégicos", diz Cordeiro.

 

Reivindicações dos bancários

 

Os trabalhadores que decidiram pela greve pedem reajuste salarial de 12,5%, além de piso salarial de R$ 2.979,25, PLR de três salários mais parcela adicional de R$ 6.247 e 14º salário. A categoria também pede aumento nos valores de benefícios como vale refeição, auxílio creche, gratificação de caixa, entre outros.

 

Além do aumento de salário e benefícios, os bancários também pedem melhores condições de trabalho com o fim de metas consideradas abusivas, combate ao assédio moral, igualdade de oportunidades, entre outras demandas.

 

No sábado (27), o Comando Nacional dos Bancários confirmou o indicativo de greve mesmo após uma nova proposta da Federação Nacional dos Bancos (Fenaban). As instituições financeiras elevaram o reajuste de 7% a 7,35% para os salários, enquanto o aumento no piso da categoria foi de 7,5% para 8%. No entanto, os novos índices foram considerados insuficientes pelos bancários em reunião realizada em São Paulo.

 

Em 2013, os trabalhadores do setor promoveram uma greve de 23 dias, que foi encerrada após os bancos oferecerem reajuste de 8%, com ganho real de 1,82%. A duração da greve na época fez a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) pedir um acordo para o fim da paralisação, temendo perdas de até 30% nas vendas do varejo do início de outubro.