Incêndio na Câmara: suspeitos fazem pacto para não delatar mandante
Fogo destruiu a Sala de Arquivos, mas vereadores tinham cópias dos documentos (Foto: Arquivo portal Infonet)
Fogo destruiu a Sala de Arquivos, mas vereadores tinham cópias dos documentos (Foto: Arquivo portal Infonet)
Eliene Andrade - Portal Infonet
25/02/2016 -

Quatro funcionários da Prefeitura de Cristinápolis foram indiciados por serem os principais suspeitos de terem incendiado a Sala de Arquivos da Câmara Municipal de Cristinápolis, no último dia 12 de fevereiro, no mesmo dia em que os vereadores votaram no pedido de impeachment da gestão do padre Raimundo Leal (PMDB). O delegado Paulo Cristiano Alves Ricarte disse que há um pacto entre os suspeitos para não delatar o mandante. Um suspeito sofreu graves queimaduras.

“A informação do mandante eu ainda não tenho, porque eles (os suspeitos) não revelam. Existe um pacto para não falar sobre assunto (o mandante) entre eles. O José Erivaldo Arruda de Sobral, o Ero, disse que perdeu a cabeça e fez besteira. A informação que tenho é que se trata de quatro servidores da Prefeitura de Cristinápolis e temos fortes indícios de que os veículos utilizados sejam da Secretaria de Transporte”, afirma o delegado.

Suspeitos

O principal suspeito, José Erivaldo Arruda de Sobral, o Ero, de 31, anos, foi logo descoberto pela polícia, porque teve parte do corpo queimado, quando ateava fogo no arquivo da Câmara. No hospital, com corpo enfaixado, confessou à polícia sua participação no crime e dos comparsas Desiraldo Santos da Silva (Sinho), 31, Josivan de Jesus santos (Bolinho), 34, e Israel Marciano do Nascimento, 28.

“Depois que a perícia chegou, começamos a andar pela Câmara e verificamos que dos cinco cômodos, apenas dois estavam incendiados, o arquivo e parte do corredor. O plenário não foi atingido e por isso imaginamos que a pessoa que foi praticar o crime, desistiu. Logo percebemos que houve algum acidente grave para que os autores desistissem de praticar o crime. Por isso, fomos atrás de dados de registro de entradas de queimados em unidades hospitalares da região, inclusive na Bahia”, conta Ricarte.

Depois das buscas a polícia encontrou o registro de um queimado no Hospital de Urgência de Sergipe (Huse), naquela madrugada. O homem queimado era de Cristinápolis.  “Além de constatarmos que o homem possuía passagem pela polícia por tentativa de homicídio, verificamos que era um servidor, vigilante de uma escola da cidade”, detalha.

Confissão

Interrogado ali mesmo, na cama do hospital seis dias depois de identificado, José Arivaldo deu detalhes do crime. “Erivaldo contou que estava em casa quando Sinho, que é motorista da secretaria de transporte do munícipio, o convidou para participar do crime. Os dois saíram em uma moto para ir a um local, onde estavam Josivan e Israel em posse de dois galões de gasolina. Erivaldo aceitou praticar do crime e, durante a madrugada, os quatro foram até a Câmara, quebraram o vidro e jogaram combustível no arquivo e saíram espalhando até o início do corregedor. Mas parte da roupa de Erivaldo estava suja de gasolina e então o fogo o atingiu. Erivaldo ficou gravemente ferido e os comparsas o tiraram de lá e levaram para o hospital”, relata.