Os moradores do bairro Matinha, em Lagarto, disseram que não puderam mais esperar pelo poder público e construíram eles próprios quebra-molas numa das principais ruas do bairro, a Tancredo Neves. Porém a Secretaria Municipal de Ordem Pública e Defesa da Cidadania (SEMOP), através do Departamento de Trânsito e Transportes Urbanos (DTTU), alertou o perigo da implantação de ondulações transversais fora das especificações técnicas, que podem ocasionar desde problemas mecânicos até acidentes de trânsito.
Segundo um morador da Matinha, que ajudou no mutirão, a população do bairro esperou durante anos por uma ação da prefeitura para manter a segurança do tráfego nas ruas da comunidade, mas nada foi feito. A SEMOP informou que é preciso um abaixo-assinado entregue oficialmente à secretaria para a viabilidade de implantação das lombadas, mas nada relacionado à rua chegou ao órgão, segundo o secretário Kércio Pinto.
Um dos motivos alegados pelos moradores para a necessidade de quebra-molas na rua é o grande fluxo de motociclistas, muitos deles trafegando em alta velocidade. "Muitas crianças ficam brincando nas calçadas. Aqui é um bairro onde as pessoas transitam muito, então fica muito perigoso as motos e os carros passarem correndo", explicou. De acordo com ele, os fins de semanas são os dias mais delicados, já que condutores desrespeitam leis de trânsito ao consumir bebida alcoólica e dirigir. "Além de terem muitos jovens empinando moto", completou.
Mesmo com a argumentação, a secretaria voltou a afirmar que é preciso uma análise técnica da área. Depois da solicitação da comunidade, um profissional do DTTU é enviado ao local para estudar a implantação das ondulações, mas a autorização só é feita pelo próprio secretário.
Especificações
O diretor do DTTU, Gilson Dias da Silva, listou algumas especificações requisitadas para a construção dos quebra-molas. Muitas dessas exigências não foram levadas em consideração na implantação das lombadas na Matinha, como altura e distância entre uma e outra.
Segundo ele, o Conselho Nacional de Trânsito (CONTRAN) estabelece uma distância mínima entre duas ondulações sucessivas, em vias urbanas, como a do bairro, de 50 metros e altura de até oito centímetros. Segundo os próprios moradores da rua, muitos condutores estão reclamando da altura dos quebra-molas. Os motociclistas têm de apoiar os pés no chão para passar por algumas lombadas da via.
Além do mais, o CONTRAN exige a colocação de placas de sinalização, como a de velocidade máxima permitida e a de advertência. Construídos com concreto, os quebra-molas feitos pelos moradores da Tancredo Neves não trazem sinalização próxima às lombadas.
Perigo
Gilson ainda salientou o perigo que ondulações construídas em desacordo às especificações técnicas podem levar aos condutores. De acordo com ele, os automóveis podem ser alvo de danificações, já que o padrão estabelecido pelo CONTRAN respeita o limite mecânico dos veículos.
O diretor ainda alertou os moradores para algo mais importante: o risco de esses quebra-molas causarem acidentes ao invés de evitá-los. Segundo ele, só com um estudo da rua e uma análise técnica é possível descobrir a necessidade de onde se colocar exatamente cada lombada.
A secretaria advertiu também que os quebra-molas podem ser retirados da rua caso um relatório técnico seja elaborado e conclua que há necessidade de remoção. Mas é preciso uma denúncia oficial na SEMOP para que um técnico seja encaminhado ao local e faça o levantamento.