Natural de Tobias Barreto, Marcos Andrade assumiu em julho de 2022 a presidência da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Sergipe (Fecomércio/SE), que também engloba o Sesc e o Senac, sucedendo o hoje senador, Laércio Oliveira, que ocupou o cargo por oito anos. Com uma trajetória empreendedora, Marcos Andrade iniciou a sua vida laboral aos nove anos, trabalhando com o pai, e deu os primeiros passos nos negócios no ramo varejista de confecções. Posteriormente, seguiu os caminhos da contabilidade administrativa, comércio de combustíveis, prestação de serviços e agronegócio.
Marcos Andrade é graduado em Administração de Empresas e Ciências Contábeis, com pós-graduação em Perícia Contábil, Auditoria, Rádio e TV e possui formação internacional em Empreendedorismo pela Università Cattolica del Sacro Cuore, de Milão, Itália. No Sistema que hoje preside, ele foi aluno, professor e diretor, representando atualmente mais de 200 mil trabalhadores e 100 mil empresas do setor terciário.
Em entrevista ao Site Sergipe em Foco, o presidente do Sistema Fecomércio/Sesc/Senac fala sobre os rumos da entidade, o carinho por sua terra natal e o desejo de realizar mais investimentos em Tobias Barreto, a exemplo de uma nova unidade conjunta de Sesc e Senac, com uma escola em projeto de ensino integral para as crianças e adolescentes.
Sergipe em Foco - Em julho de 2022 o senhor assumiu o comando da Fecomércio/SE. Qual o balanço desses meses à frente da presidência?
Marcos Andrade - O período inicial da nova administração foi muito bom para imprimir o meu ritmo de trabalho no sistema. Encontrei duas casas organizadas, Sesc e Senac, mas que necessitavam de ajustes pontuais para que eu conseguisse colocar meu método de cultura organizacional em prática. Tenho ao meu lado duas pessoas muito competentes, Aparecida Farias no Sesc e Marcos Sales no Senac, que têm sido muito importantes para que a gestão seja exitosa nesse período inicial. Na Fecomércio não posso dizer nada, nos últimos oito anos foi administrada por Laércio Oliveira, que fez uma verdadeira revolução, construindo e inaugurando 15 obras, e deixando mais cinco para que eu finalizasse. Delas já entreguei duas. Como não dizer que recebi um sistema enxuto e funcionando de forma eficiente? Veio de um grande administrador para as minhas mãos. Agora é seguir no ritmo de trabalho que tenho em meus projetos e me dedicar com afinco para que novas ações e realizações possam ser feitas.
SF - Qual a expectativa para 2023? Existem obras da gestão anterior que não foram concluídas e devem ser entregues este ano?
MA - Laércio Oliveira deixou cinco obras para que eu terminasse em minha administração. Duas delas, a Creche Sesc, no Siqueira Campos, e o Centro de Saúde Fernando Carvalho, no São José, já foram entregues. Temos ainda para entregar o Parque Aquático do Sesc no Siqueira Campos, uma unidade com toda a estrutura de atendimento para os idosos que participam de nossos programas, com piscina aquecida. O Senac de Itabaiana, que ficará muito mais amplo e com maior capacidade de atendimento, pelo crescimento da estrutura, e uma obra que será revolucionária para a vida artística de Sergipe, o Teatro Sesc Mariana Moura, que será um aparelho moderno, com vários ambientes para o exercício da arte e cultura em sua plenitude. Não podemos precisar se será ainda esse ano, mas serão entregues sob minha administração.
SF- Hoje o Sistema Fecomércio/Sesc/Senac consegue atender todo o Estado? Há alguma região que precisa de maior atenção? Se sim, o que tem sido feito em relação a isso?
MA - Nós temos capilaridade para atender todo o Estado, não somente com nossas unidades físicas, mas principalmente com as móveis. Estamos presentes em todos os municípios de forma rotativa com as unidades móveis do Sesc e Senac, levando serviços de saúde de qualidade com o Sesc Saúde Mulher, um caminhão com um mamógrafo capaz de realizar 780 exames por mês, além de consultório médico para realização de exames citopatológicos. Isso é salvar vidas, pois prevenir o câncer na mulher é ajudá-la a ter uma vida melhor. E nos casos positivos diagnosticados, orientar o tratamento adequado junto ao serviço de saúde pública. Além do OdontoSesc, uma carreta com quatro consultórios que consegue atender e realizar diversos serviços odontológicos nas pessoas menos favorecidas, também em parceria com os serviços públicos de saúde municipais. E também temos as carretas-escola do Senac, que levam cursos das mais variadas áreas de conhecimento, promovendo qualificação profissional para as pessoas de acordo com as demandas particulares de cada cidade do estado. Recebo vários pedidos de prefeitos para que nossas unidades possam ser instaladas nos municípios e atendemos a todos, pois o Sistema Fecomércio/Sesc/Senac não fica somente atrás dos nossos muros. É um sistema que deve servir a toda sociedade sergipana, pois é nossa missão.
SF - Atualmente, quais as ações do Sistema Fecomércio no interior do Estado? Há intenção de ampliar esse trabalho? De que forma?
MA - Pretendo construir uma nova unidade conjunta de Sesc e Senac na cidade de Tobias Barreto, com uma escola em projeto de ensino integral para as crianças e adolescentes. Em um horário a grade curricular e no contraturno, ensino profissionalizante, para que os alunos saiam preparados para a vida, com uma profissão a ser seguida e também com o melhor ensino de qualidade no padrão Sesc e Senac. Tenho projetos para vários municípios, a exemplo de aportar em São Cristóvão com um restaurante escola do Senac, além de estimular a economia criativa em várias cidades do interior. Temos em planejamento um projeto pedagógico que será desenvolvido em parceria com o Governo do Estado, que será revolucionário para os alunos de escolas públicas de Sergipe, levando a qualificação profissional para muito mais pessoas. É um projeto do governador Fábio, que foi abraçado pela secretária de Ação Social, Érica Mitidieri, e pelo secretário de Educação, Zezinho Sobral, que muito nos enobrece em participar.
SF - Sobre os números do interior sergipano, qual a avaliação da Fecomércio? Podemos dizer que recuperamos os prejuízos financeiros gerados pela pandemia?
MA - O comércio sergipano avançou muito no ano de 2022, conseguiu recuperar as perdas de 2020, principal fase da pandemia, elevar seu volume de vendas e faturamento em 2021, chegando a 2022, com crescimento real, sem demanda reprimida. Os números deste ano, de acordo com nossos estudos da assessoria que temos na área de economia, mostram que fomos superiores em atividade comercial que o ano de 2019, então a balança está equilibrada.
SF - O Sistema Fecomércio também se destaca pelo papel social. Fale um pouco sobre essa contribuição, através das ações do Sesc/Senac.
MA - Atendemos mais de 200 mil pessoas, entre público comerciário e usuários por ano. Esse número, por si só, já fala muito. Mas o mais importante é como nós vemos a realidade das pessoas se transformar quando elas participam de alguma ação do Sesc ou Senac. Somente no ano passado, mais de 16 mil pessoas foram qualificadas de forma gratuita pelo Senac em Sergipe, em um investimento superior a 24 milhões de reais. Esse é o resultado mais importante, em termos sociais, transformar vidas para melhor.
SF - A Fecomércio/SE participou do desenvolvimento do Projeto Vai Turismo. Em que consiste essa ação e qual a importância dessa iniciativa para o setor turístico sergipano?
MA - Entramos na fase de apreciação dos projetos para alinhar com todos os agentes participativos o que será trabalhado inicialmente, para dar resultados mais rápidos para as cidades. O Vai Turismo é um projeto que tem início, meio e não tem perspectiva de final, pois será perene nas cidades. Queremos fazer com que o nosso turismo se projete e desenvolva cada vez mais, porque isso resultará em grandes ganhos para as cidades, suas comunidades e fortalecerá a economia das cidades. Nós estamos desenvolvendo o projeto com proatividade, por meio das equipes técnicas da Fecomércio, Sesc e Senac, aliando com as prefeituras municipais das cidades em que estamos trabalhando o Vai Turismo, de modo que trabalhemos o foco no desenvolvimento das políticas públicas para a melhoria da cadeia produtiva do turismo. Nós estamos desenvolvendo com o Vai Turismo, liderados pela CNC, uma política de Estado, não de governo, pois as administrações públicas passam e a atividade do turismo permanece. E esta deve se manter em crescimento constante para que as cidades tenham maior capacidade de geração de recursos com as atividades turísticas, o que promove a consequente elevação no emprego e renda para as pessoas.
SF - O senhor participou da inauguração do escritório internacional da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) em Portugal. Qual a importância dessa iniciativa? Sergipe também será beneficiado com essa ação?
MA - Nós estamos avançando muito na atividade do comércio exterior, aqui em Sergipe, desde 2017, quando iniciamos nosso Programa de Negócios Internacionais, pela Fecomércio/SE, ainda na administração do senador Laércio Oliveira. Realizamos uma missão em 2019, promovendo um bom intercâmbio entre os empresários sergipanos e portugueses. Com o escritório da CNC em Portugal, o presidente da CNC, Roberto Tadros, acerta em cheio ao promover ainda mais caminhos para o comércio bilateral, trazendo oportunidades de Portugal para o Brasil e nossas para os portugueses. A iniciativa de Tadros é significativamente importante, pois a CNC será um facilitador da realização desses negócios, ajudando muito a Sergipe com essa representação que passamos a ter lá diretamente.
SF - O presidente da CNC, José Roberto Tadros, esteve com o presidente Lula recentemente. Como o senhor avalia esse diálogo? Alguma novidade para o setor já foi noticiada desde esse encontro?
MA - A conversa com o presidente Lula foi muito boa, pois os pleitos da CNC foram apresentados pelo presidente Tadros, para ampliar as discussões. No momento estamos focados no diálogo para encontrar os melhores caminhos para a reforma tributária, para que seja justa com as empresas, destrave os investimentos internos e externos, e possam promover o ganho comum entre empresas e governo, para que possamos gerar mais emprego e renda, através das empresas. As discussões com o Governo Federal acerca disso estão em andamento e, certamente, o melhor para todos será definido.
SF - Qual o principal projeto da sua gestão? Que legado Marcos Andrade pretende deixar para história do Sistema Fecomércio em Sergipe?
MA - Todo projeto é importante. Não existe esse ou aquele que seja o preferido, pois todos são essenciais e fundamentais para que nosso sistema cresça, fortaleça-se, desenvolva e amplie nosso arco de ação. Tenho um carinho especial por minha cidade, Tobias Barreto, a ponto de iniciar esse projeto da escola dupla do sistema lá. Entretanto, mapeei várias demandas, elencando as mais importantes para que sejam solucionadas e que tenham ações eficientes para execução. Vale ressaltar que eu, como presidente, não recebo um centavo para isso. É uma missão sacerdotal, que vale muito a pena por poder transformar a vida dos sergipanos para melhor.
Da redação do
Sergipe em Foco