Celso Adão Portella morreu em decorrência de traumatismo craniano causado por uma queda que ocorreu há cerca de sete anos, conforme laudo pericial emitido pelo Instituto Médico Legal (IML) e apresentado durante entrevista coletiva realizada na manhã desta segunda-feira, 18, na sede da Secretaria da Segurança Pública de Sergipe (SSP). A identidade da vítima, que teve o corpo encontrado durante reintegração de posse em um apartamento da Zona Sul de Aracaju, já havia sido confirmada no dia 28 de setembro.
De acordo com a perita-odontolegista Suzana Maciel, a atuação pericial também identificou que o corpo foi mantido por sete anos após a morte de Celso. “Nós coletamos o material que até parecia que tinha algum tipo de conservação mas, com análises do IAPF, nós não encontramos, por exemplo, formol ou resíduos compatíveis com o uso de algum agente para conservar. O formol volatiza muito rápido e, durante esse tempo, ela pode ter usado inicialmente”, explicou.
“Mas isso não foi decisivo para a conservação do cadáver, o que a gente percebeu foi uma evolução normal dentro desse histórico. Foi um cadáver conservado dentro de uma mala e dentro de uma geladeira que, a princípio, funcionava. Então tinha uma temperatura que contribui para essa conservação, além da própria mala fechada. É compatível com os sete anos que estavam sendo investigados como tempo de morte de Celso Adão Portella”, acrescentou a perita-odontolegista Suzana Maciel.
Para o diretor do IML, Victor Barros, o trabalho pericial desenvolvido em torno do caso Celso Adão Portella foi um dos mais complexos em Sergipe, identificando a causa da morte e as consequências da queda decisiva para o óbito. “Foi um trabalho minucioso com diversas coletas de materiais que foram encaminhados ao Instituto de Análises e Pesquisas Forenses (IAPF) e tivemos material que foi encaminhado ao Rio de Janeiro. Então constatamos que a causa da morte ocorreu em decorrência de uma queda”, detalhou.
Com a queda, foram provocadas as lesões que resultaram na morte, assim como evidenciou Victor Barros. “A queda gerou uma fissura no osso frontal e consequente hematoma subdural intracraniano. Esse hematoma gera o ‘intervalo lúcido’ em que a pessoa não morre no momento da queda. Há um espaço de tempo variável entre 30 e 50 minutos em que a pessoa permanece viva e só então vem a falecer. Os diversos estudos também confluem para identificar que a morte ocorreu há sete anos”, complementou Victor Barros.
Victor Barros evidenciou ainda que a queda pode ter ocorrido de maneira acidental, tendo em vista a mobilidade da vítima que utilizava uma prótese no joelho. “Acreditamos que essa queda tenha sido de natureza acidental, visto que a vítima era uma pessoa de mobilidade reduzida e portadora de artrose. Então nós acreditamos que a queda se deu em decorrência de um acidente. Não acreditamos em uma queda provocada, embora a autoridade policial possa indicar uma outra vertente”, esclareceu o diretor do IML.
Localização do corpo
O corpo do advogado Celso Adão Portella foi encontrado durante uma ação de reintegração de posse em um apartamento localizado no bairro Suíssa, no dia 20 de setembro. O corpo da vítima estava em posição fetal e em estado de semi-esqueletização dentro de uma mala. Segundo os relatos colhidos no local do fato, a mala onde estava o corpo foi encontrada dentro de uma geladeira.
Positivação e confirmação da identidade
Após a localização do corpo - até então sem identificação - no dia 20 de setembro, o cadáver foi encaminhado ao IML, onde foram iniciados os processos de identificação e confirmação de identidade da vítima. Para a confirmação de que a vítima realmente se tratava de Celso Adão Portella, foram utilizadas metodologias científicas em torno do processo de antropologia forense, assim como de sobreposição de imagens.
De acordo com a perita-odontolegista Suzana Maciel, o conjunto de procedimentos científicos possibilitou a identificação do corpo. “Essa identificação foi feita também por um dos métodos científicos que era o número de série de prótese. Ele tinha feito um primeiro procedimento no joelho no Rio Grande do Sul, e passou por um novo procedimento em Sergipe, quando chegou no estado em 2005”, explicou.
Além do corpo, maus-tratos contra criança
Também durante o trabalho investigativo e pericial realizado no apartamento onde foi constatado o crime de ocultação de cadáver, também foi encontrado um cenário de maus-tratos contra uma criança que também residia no imóvel. No apartamento, havia diversos objetos jogados pelo imóvel, além de fraldas sujas e mau cheiro. A criança foi retirada do imóvel e recebeu assistência.
Indiciamento
Diante das evidências coletadas no decorrer da investigação conduzida pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), da Polícia Civil, junto com os exames e laudos periciais emitidos pela Polícia Científica, no dia 3 de outubro, a SSP informou que o inquérito policial havia sido remetido à Justiça. O inquérito policial foi concluído com o indiciamento de uma mulher por ocultação de cadáver e maus-tratos contra pessoa menor de sete anos.
Fonte: SSP