Em entrevista realizada na manhã desta terça-feira, 18, a Secretaria de Segurança Pública (SSP) deu detalhes da investigação que apurou as circunstâncias da morte de um menino de dois anos. A criança havia chegado sem vida em uma unidade hospitalar da capital, no dia 7 de outubro, com sinais de violência física e abuso sexual. A coletiva de imprensa contou com a participação do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) e o Instituto Médico Legal (IML). Mãe e padrasto da vítima estão presos.
A diretora do DHPP, delegada Juliana Alcoforado, destacou logo de início que o padrasto confessou a prática de todos os crimes contra à criança. “Admitindo não apenas a violência física, que foi a causa da morte, mas também admitindo o abuso sexual reiterado. Ele está preso temporariamente e será solicitada a conversão em preventiva”, enfatizou.
Já a mãe da criança após a prisão permaneceu em silêncio. “No depoimento inicial, antes dela ser presa, foi no sentido de que a criança apresentava lesões pelas constantes quedas que teria sofrido. Diante desse relato, optamos por aguardar o laudo do IML que trouxe a causa da morte”, mencionou a delegada.
Juliana Alcoforado também ressaltou que a criança passava por constantes agressões. “A educação era muito hostil, e a criança já vinha sofrendo lesões repetidas vezes ao longo dos meses apesar da pouca idade. Naquele dia, a criança já teria sido agredida fisicamente pela mãe, e o padrasto deu mais um golpe, levando a criança a não responder mais”, citou.
A partir dessas agressões, a mãe e o padrasto da criança tentaram socorro. “A criança já deu entrada no hospital sem vida. Foi tentada toda a sorte de ressuscitação e o que os médicos poderiam fazer, mas, infelizmente, a criança não resistiu e veio a óbito”, acrescentou.
A diretora do DHPP também confirmou que a investigação aponta que a mãe é conivente com os crimes. “Está muito claro e não há dúvidas de que a mãe não somente participava das agressões físicas contra a criança, mas tinha visualizado os sinais da agressão sexual, a partir do corpo da vítima e não tomou providencia quanto a isso”, relatou.
Juliana Alcoforado informou ainda que foi solicitado o acompanhamento para a outra criança. “Diante de todo o relato de violência, vamos adotar as medidas de proteção. Solicitamos acompanhamento ao Conselho Tutelar e tudo o que for necessário está sendo providenciado para que a criança receba todo o aparato do estado”, complementou.
Laudo do IML
O diretor do Instituto Médico Legal, Victor Barros, explicou que a unidade hospitalar percebeu a possibilidade de crime e acionou a autoridade policial. Victor Barros também destacou o trabalho da instituição na constatação da ocorrência de crime sexual contra a criança.
“Quando nos deparamos com uma criança do sexo masculino com o relato de abuso sexual, temos que ter muito cuidado. Pois diferentemente do órgão genital feminino, o ânus possui uma capacidade de cicatrização muito intensa. Por isso, doenças clínicas como síndromes intestinais podem causar o relaxamento do tônus esfincteriano”, iniciou.
Victor Barros acrescentou que diante dessa possibilidade, os exames periciais analisaram o corpo da criança minuciosamente para atestar o abuso sexual. “Então nós fizemos uma análise minuciosa. Nós nos debruçamos de fato no exame dessa criança e, além da dilatação, observamos vários outros sinais que afirmamos categoricamente que a criança já vinha sendo vítima desse abuso”, pontuou.
por João Paulo Schneider - Portal Infonet