Mesmo com a possibilidade quase nula de Sergipe ter um caso suspeito de Ebola, a Secretaria de Estado da Saúde (SES), em conjunto com o Ministério da Saúde (MS), já definiu a logística de atendimento para os pacientes com suspeita da doença. As principais orientações do protocolo são o isolamento e a transferência do paciente para unidades de referência.
Sergipe não registrou nenhum caso suspeito de Ebola, mas os técnicos da SES vêm trabalhando de forma preventiva, participando semanalmente de vídeo-conferências com técnicos do Ministério da Saúde e atualizando os municípios sobre as medidas e informações.
Em caso de suspeita, o paciente já fica isolado, temporariamente, na unidade em que der entrada, seja ela uma Unidade Básica de Saúde, um Hospital ou uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA 24 horas), conforme orientação do Ministério da Saúde, e, a depender dos sintomas e do quadro geral, ele será transferido para o Hospital de Urgências de Sergipe (HUSE), que é a unidade de referência para o Ebola no Estado, ou direto para o hospital de referência nacional que é o Instituto Nacional de Epidemiologia Evandro Chagas do Rio de Janeiro (Hospital da Fiocruz). Esse procedimento é definido de imediato junto com o Centro de Informações Estratégicas e Resposta em Saúde (CIEVS) da SES e o Ministério da Saúde, a partir da suspeita e do estado geral desse paciente.
“Antes de qualquer coisa, precisamos definir o que são considerados casos suspeitos. Os casos suspeitos são pessoas vindas de um dos países africanos com a epidemia e que apresentam febre súbita, podendo ser acompanhada de hemorragia, vômito e diarreia. A pessoa tem que ter procedência de até 21 dias de Guiné, Serra Leoa e Libéria. O profissional de saúde de qualquer unidade suspeitando do caso isola preventivamente esse paciente e entra em contato imediato com o CIEVS que, junto com o Ministério da Saúde, avalia se o caso de fato é suspeito. É tudo muito rápido. Confirmada a suspeita, esse paciente será transferido para o Huse ou direto para o Rio de Janeiro, o que será definido pelo próprio Ministério da Saúde”, explica Daniela Pizzi, coordenadora do Centro de Informações Estratégicas e Resposta em Saúde (CIEVS) da SES.
A coordenadora fala ainda sobre como funcionará a logística em caso de necessidade de transferência de um paciente.
“A remoção terrestre do paciente é feita pelo SAMU que já recebeu do Ministério da Saúde os Equipamentos de Proteção Individual para ser usados pelos profissionais da ambulância no caso específico de Ebola. Caso o paciente seja transferido primeiro para o Huse, ficará em um leito específico de isolamento até que a equipe do Ministério da Saúde, acionada de imediato, chegue para realizar a remoção para o Rio de Janeiro. É o Ministério da Saúde que realiza essa remoção para o hospital de referência nacional. Mesmo com a transferência do paciente, as pessoas que tiveram contato com ele serão monitoradas pelos serviços de saúde. Esse é o procedimento padrão, o mesmo que foi adotado com o caso suspeito do Paraná”, complementou a coordenadora.
De acordo com a coordenadora, todos os municípios já receberam o protocolo do MS para agir corretamente se houver um caso suspeito. “A Secretaria de Estado da Saúde já encaminhou os protocolos para todos os municípios. Todos têm condições de atender corretamente casos suspeitos. A epidemia que está ocorrendo na África é devido à estrutura precária de atendimento à saúde, o que não acontece em Sergipe e no Brasil”, explicou Daniela Pizzi.
Portos e Aeroportos
Nos portos e aeroportos, há um procedimento em vigor para que o caso suspeito seja notificado para a Infraero e a ANVISA ainda no avião ou no navio. Ao pousar ou atracar em local específico, o SAMU faz a remoção do paciente para a unidade de referência e os demais passageiros e tripulantes passam por entrevista e avaliação da ANVISA.
Transmissão
O Ebola é uma doença transmitida de uma pessoa para outra através de fluídos corporais que são: saliva, suor, vômito, fezes, urina, etc. “O Ebola não é transmitido pelas vias aéreas (respiração), mas através do contato físico com a pessoa infectada depois que apresenta os sintomas, após o período de incubação do vírus que varia entre 03 e 21 dias. Para infecção é necessário apenas o contato da pele com o fluído contaminado pelo vírus, não precisando, por exemplo, de um corte. Em caso de óbito do paciente pela doença, não pode haver velório. O corpo tem que ser enterrado, desde que lacrado conforme orientação do Ministério da Saúde, ou cremado imediatamente”, explicou Daniela Pizzi.
Cidadania
“Precisamos da colaboração das pessoas quanto à disseminação de falsas informações em redes sociais, whatsapp, entre outros, pois isso cria pânico desnecessário na população. Mesmo sendo voltado para profissionais de saúde, a população pode ligar para o CIEVS para sanar possíveis dúvidas. O telefone é 0800-282-2822 e funciona 24 horas por dia”, orientou Daniela Pizzi.