Sepultados restos mortais de Pedrinho Valadares
18/08/2014 -
Amigos próximos e políticos de diferentes siglas partidárias deram o último adeus ao ex-deputado Pedrinho Valadares no final da tarde deste domingo, 17, durante cerimônia de sepultamento ocorrida no cemitério Colina da Saudade, em Aracaju. Correligionários de outros Estados, políticos de diferentes siglas partidárias, músicos, jornalistas se juntaram à família para a despedida, que contou com uma cerimônia religiosa conduzida pelo arcebispo de Aracaju, D. Palmeira Lessa e pelo Padre Peixoto.
A vice-prefeita de Salvador, Célia Sacramento, correligionária de Pedrinho Valadares no Partido Verde também participou da cerimônia e destacou o empenho do sergipano na política para mudar o Brasil. “Não é fácil, principalmente porque o povo está nas ruas querendo mudança e Eduardo Campos [ex-governador de Pernambuco, que disputava a Presidência do Brasil e morreu no mesmo acidente aéreo ocorrido na quarta-feira, 13, em São Paulo] e Pedrinho Valadares tinham história de política séria”, considerou Sacramento. “Fica o legado de que precisamos mudar a forma de fazer política”, considerou.
Como previsto, o músico sergipano Nino Karvan atendeu ao pedido da viúva Simone Valadares e, ao final da missa, tocou violão e todos, principalmente a viúva, cantaram, entre lágrimas, as músicas prediletas de Pedrinho Valadares. “Até no gosto musical, Pedrinho Valadares estava perto do povo”, observou Karvan ao finalizar uma das composições de Odair José.
No discurso, o músico repetiu a mesma frase que destacou em entrevista ao Portal Infonet. “Os grandes homens não são medidos pelo poder que conseguem adquirir ou pelo dinheiro que conseguem acumular, mas pelo gesto de humanidade e caráter. E Pedrinho Valadares tinha todos estes atributos”.
A mãe do ex-deputado, Laura Valadares, foi amparada por amigos e pela família e permaneceu ao lado dos netos e da nora, bem próximo ao caixão. A família preferiu o silêncio e evitou conversar com os jornalistas. Ao lado do caixão, com os filhos, a viúva Simone Valadares apenas repetia mensagens de amor eterno. “Te amo, te amo... vá em paz... vá em paz”.
Articulação no Rio de Janeiro
O senador Antonio Carlos Valadares (PSB), tio do ex-parlamentar, recebeu os jornalistas e se tornou uma espécie de porta-voz da família. Para o senador, Pedrinho Valadares tinha uma capacidade imensa de fazer amizades e cultuar respeito. “Deus o chamou e sua missão foi cumprida”, ressaltou. “Ele desempenhou com brilho, competência e dignidade todas as funções que exerceu: seja através de mandato popular ou por nomeação, como agora, na condição de assessor de Eduardo Campos”, lembrou o tio.
O senador garantiu que Pedrinho Valadares foi o grande articulador da aliança do PT com o PSB no Estado do Rio de Janeiro, em defesa da candidatura de Lindbergh Farias, pelo partido dos Trabalhadores, ao governo daquele Estado. “Lindbergh Farias fez elogios e disse que a aliança do PT com o PSB no Rio de Janeiro se devia à atuação política desenvolvida por Pedrinho. Era um homem que sabia fazer política e amigos”, observou.
Nos três dias, após o acidente, o senador Valadares permaneceu em São Paulo e constatou o respeito do sobrinho junto às lideranças políticas. “Passei três dias em São Paulo acompanhando a liberação dos restos mortais e vi, com contatos que mantive, o quanto Pedrinho foi enaltecido”, ressaltou o senador.
Apesar de ocupar palanque diferente em Sergipe, o senador Valadares não o tratava como adversário e reconheceu que a reaproximação com o sobrinho, após rompimento político, foi articulada pelo ex-governador Eduardo Campos. “Prefiro me lembrar dos momentos alegres, dos momentos que fomos aliados”, disse. “Há três anos, Eduardo Campos o convidou para ser assessor e conseguiu esta aproximação. Nos encontramos em muitas oportunidades”, comentou.
Um dos encontros políticos com Pedrinho Valadares ocorreu recentemente na casa de praia do senador, onde estava o ex-governador Eduardo Campos. “Espero que ele não tenha levado nenhuma mágoa de mim pelo fato de eu ter apoiado um outro candidato, que não fosse o dele, já que o PSB tem um histórico com esta aliança da qual participamos hoje”, ressaltou Valadares
O senador Valadares faz questão de ressaltar que não guarda mágoas, apesar dos desentendimentos partidários. “Da minha parte não tenho queixa. Me orgulho dele, do tanto ele representou, do que foi para os amigos, para a família... todos foram enfáticos em dizer que ele era uma pessoa alegre, que gostava de contar piada, tocar violão e cantar”, observou. “Em política tem que respeitar a adversidade, pensamentos diferentes e isto não significa que devemos nos separar nos momentos de alegria nem se maltratar. A democracia leva a isso”.
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