Após tomar conhecimento do mandado de busca e apreensão que teve como alvo a jornalista Gleice Queiroz, o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de Sergipe (Sindijor/SE) emitiu uma nota sobre o caso. A ação foi deflagrada pela Polícia Civil na manhã desta quinta-feira, 25, e em um condomínio localizado no Bairro Jabotiana, em Aracaju, onde reside a comunicadora.
De acordo com a Secretaria de Segurança Pública de Sergipe (SSP-SE), a operação aconteceu em desdobramento de uma investigação que apura o suposto furto de equipamentos da Secretaria de Estado da Educação e da Cultura (Seduc) .
Confira a nota do Sindijor:
Diante dos fatos oficializados pela Secretaria de Estado da Segurança Pública (SSP/SE), por intermédio da Superintendência da Polícia Civil, o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de Sergipe (Sindijor/SE), informa que desde o início da manhã desta quinta-feira, 25 de janeiro de 2024, está acompanhando todos os desdobramentos em torno da operação que resultou na abordagem de uma profissional do jornalismo, bem como a apreensão de três aparelhos eletrônicos apontados como pertencente ao patrimônio público.
No decorrer das últimas horas a nossa entidade sindical buscou dialogar com a colega de profissão, mas sem sucesso até a produção desta nota. Por iniciativa da Assessoria de Comunicação da SSP, o Sindijor foi comunicado que:
a) a pasta administrativa respeita a classe jornalística;
b)todo o trâmite de investigação é sigiloso e respeita os Direitos Humanos;
c) apresentará detalhes gerais da operação ao final das investigações;
d)convida representantes do sindicato para conversar sobre o assunto caso seja do nosso interesse.
Em tempo, destacamos que o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de Sergipe prosseguirá em defesa das prerrogativas e dos direitos da profissão, zelando pela garantia dos direitos fundamentais e constitucionais ao exercício da ampla defesa e ao contraditório, manifestando contrariedade a toda e qualquer antecipação de juízo de valor quanto à conduta de qualquer Jornalista.
Solidariedade à jornalista
Políticos, internautas e entidades de classe manifestaram solidariedade à jornalista Gleice Queiroz. O vereador Ricardo Marques, também jornalista, divulgou uma nota em seu perfil no twitter. "Minha solidariedade a colega Gleice Queiroz. Procurei a SSP para buscar informações. Estive na delegacia que está investigando o caso e lamento muito toda essa situação. Irei acompanhar para que ela tenha todas as garantias de defesa", disse Marques.
Em seu blog, o renomado jornalista e escritor, Luiz Eduardo Costa, publicou um texto destacando que esse tipo de ação policial se assemelha a uma afrontosa ameaça à liberdade de expressão. Confira abaixo o texto de Luiz Eduardo na íntegra:
INTEGRAL SOLIDARIEDADE À JORNALISTA GLEICE QUEIROZ ( LEC)
O governador Fábio Mitidieri não pode manchar sua imagem de democrata permitindo que no seu governo ocorra esse tipo de ação policial, que mais se assemelha a uma afrontosa ameaça à liberdade de expressão.
Não é sensato o juiz que determinou a estranha operação, não é sensato o promotor que a teria solicitado, e não será bem visto o Governo do estado caso não se manifeste rapidamente contra a arbitrariedade.
O mais estranho é que o caso acontece quando se sabe que no GAECO o braço operacional do Ministério Publico, dormita uma gravíssima denúncia contra um prefeito do interior, no caso o de Canindé do São Francisco, que teria sido sustada para atender interesses político -eleitorais.
Gleice deve ser respeitada como uma profissional atuante que decidiu fazer vigorosa oposição ao governo e, especificamente, ao Secretário da Educação Zezinho Sobral. Desde o inicio da administração ele entrou em rota de colisão com a jornalista. E fica claro que em tudo isso, existe uma intenção de silenciá-la pela chantagem do constrangimento.
Os jornalistas sergipanos, pelo menos os que prezam pela liberdade e inviolabilidade das suas prerrogativas, não podem permanecer calados.
O governador Mitidieri, um jovem que tem revelado até agora apreço ao jornalismo independente, e tem buscado imprimir um ritmo até frenético de trabalho ao seu governo, não pode sequer tisnar-se, pela suspeita de tolerância com o arbítrio e a truculência.
Caso essa grotesca operação na qual é impossível ocultar intenções suspeitíssimas, onde devem estar digitais vingativas, seja naturalizada como procedimento normal, se isso acontecer, teremos regredido mais de meio século em nossos costumes políticos, quando ainda era corriqueiro o empastelamento de jornais e a prisão de jornalistas. E é preciso que os fatos sejam esclarecidos com a meridiana luz da busca real das suas motivações.
O Ministério Publico sergipano precisa manifestar-se, do governador Fábio Mitidieri espera-se a condenação do escarnio à liberdade plena de informar sem receio de retaliações, coloridas com os tons cinzentos da tolerância ao arbítrio .
Da redação Sergipe em Foco