A cúpula da Secretaria de Estado da Segurança Pública reconhece que a grande incidência de homicídios ocorrido no período do carnaval em Sergipe não está associada a festas populares que reúnem milhares de pessoas. Na ótica do secretário Mendonça Prado, da Segurança Pública, a origem da violência em Sergipe está no tráfico de drogas e de armas, que entram clandestinamente em solo sergipano e que os homicídios verificados durante a festa vitimaram ex-presidiários ou pessoas que, embora sem passagem pela polícia, tiveram alguma relação com as drogas.
Na manhã desta sexta-feira, 20, a cúpula da SSP reuniu jornalistas e radialistas para informar os dados estatísticos, mas restringiu as informações ao resultado das ações desencadeadas pelas polícias militar e civil em todo Estado durante a festa momesca. No entanto, a incidência de assaltos e arrastões observados sem que a polícia identificasse a autoria não foram revelados.
O delegado geral de polícia, Éverton Santos, divulgou apenas o número de prisões e apreensões de armas verificado durante o carnaval em Sergipe, mas não soube explicar a origem das armas clandestinas que continuam ao alcance de criminosos. “Não são armas artesanais, são armas produzidas no Brasil, que saíram das fábricas e o controle disso é difícil, não temos ideia como elas chegam em Sergipe”, ressaltou o delegado.
Relaçãp dos ex-presidiários mortos durante o carnaval (reprodução do slide divulgado pela cúpula da SSP)
O secretário de segurança pública, Mendonça Prado, e o comandante geral da Polícia Militar, coronel Maurício Iunes, fizeram questão de dar ênfase à necessidade de modificar a legislação brasileira para evitar a reincidência e que o Brasil seja dotado de regras que possam obrigar o sentenciado a cumprir a totalidade da pena sem privilégios.
O coronel fez questão de mencionar o envolvimento de Dorgival Luciano dos Santos, suposto pistoleiro sentenciado pela morte do ex-deputado Joaldo Barbosa que passou a cometer outros crimes, inclusive assaltos e sequestros, depois que saiu da prisão beneficiado pelo indulto natalino no ano passado. “O que é bom comportamento para quem está no sistema penitenciário?”, questionou o coronel Iunes, lembrando o grau de reincidência dos acusados. “Em 30 dias, a polícia prendeu a mesma pessoa quatro vezes. Prender a mesma pessoa várias vezes em curto espaço de tempo é sinal que há algo errado na nossa legislação”, considerou o comandante.
O secretário Mendonça Prado fez questão de fazer contundentes críticas à falta de política pública do Governo Federal para atuar no combate ao tráfico de drogas e enalteceu a importância de alertar a sociedade e os diferentes segmentos da esfera governamental para implantar um processo de conscientização partindo de debates voltados para a reformulação dos currículos escolares, que possam introduzir conhecimentos sobre a problemática do tráfico de drogas e armas.
Estatística
De acordo com o delegado Éverton Santos, a polícia realizou 78 procedimentos relacionados a flagrantes durante o carnaval, que culminaram com 75 pessoas presas. Entre os flagrantes, destacam-se a prisão de 31 condutores por dirigir sob efeito de bebidas alcoólicas, 12 prisões de pessoas foragidas da justiça, 11 por prática de assalto, 11 por violência doméstica com base na Lei Maria da Penha e 16 adolescentes apreendidos por envolvimento com diferentes tipo de crimes.
A polícia também apreendeu 14 armas, entre as quais nove foram localizadas em Aracaju e outras cinco no interior do Estado. A SSP confirmou a ocorrência de 21 homicídios durante o carnaval, incluindo a morte dos quatro suspeitos em suposto confronto ocorrido nos municípios de Pacatuba e Japoatã, que não foram expostos nos slides apresentados por Mendonça Prado.
Segundo a cúpula da SSP, entre as vítimas dos homicídios estão oito ex-presidiários. Há outras vítimas de homicídio, que não tiveram passagem pela polícia. Mas há suspeita, na ótica da SSP, de que elas tenham algum vínculo com o tráfico de drogas e que as mortes funcionariam como uma espécie de contas oriundas de dívidas de usuários a traficantes. “Eles não morrem por grandes valores, morrem porque devem R$ 50, R$ 100 ou R$ 300”, ressaltou o coronel Iunes, numa referência a vítimas usuárias de drogas.
Segundo o delegado Éverton Santos, a polícia civil investigará todos os homicídios e dará atenção especial àqueles que têm como vítimas as pessoas que não tiveram passagem pela polícia.
SSP divulga estatística parcial do carnaval
20/02/2015 -
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