Sentada na beira da esquina, no fundo da Igreja Matriz de Cedro de São João, município do interior sergipano, localizado na região do Baixo São Francisco, dona Gilda Rocha de Andrade, 70 anos, aguarda calmamente no aconchego da sombra, formado pelo fundo da capela, o enxugar de adereços de panos cheios de bordados estendidos num varal improvisado, que tomam conta de uma das ruas da pequena cidade. Essas mesmas toalhas são alguns dos artigos mais almejados em grandes centros culturais de todo o País, como os estandes do Mercado Modelo em Salvador/BA, e também em grandes polos de venda artesanal nos estados de São Paulo e Minas Gerais.

 

A senhora, que começou a confeccionar as peças ainda na juventude, com pouco mais de 20 anos, lembra que o processo se deu por influência do esposo. “Foi logo depois de eu me casar, por incentivo de meu marido que já era artesão e trabalhava com esse tipo de material. Eu ainda bordo, mas devido à grande quantidade não tenho como dar conta de tudo, por isso compro o tecido, ‘embanho’ na máquina e depois levo para pessoal bordar”, explica dona Gilda, que está no ramo há 47 anos.

 

Trabalhando em parceria com bordadeiras de pequenas comunidades do município vizinho de Aquidabã, ela conta que a sua principal demanda é solicitada por comerciantes de outros estados. “Vou na feira de Aquidabã, nas localidades do interior e levo as toalhas para serem bordadas. Depois recolho e envio pelo correio, ou até mesmo por avião, para clientes de Belo Horizonte, de São Paulo e também aqui próximo, em Salvador, que tem estandes no Mercado Modelo”, afirma a senhora, que sem se dar conta, aplica o empreendedorismo no interior do sertão nordestino.