Troca de acusações marca debate da TV Cidade
Valter Lima
27/08/2014 -

A TV Cidade (+TVC) realiza na noite desta terça-feira (26) o primeiro debate entre os três principais candidatos a governador do Estado - Eduardo Amorim (PSC), Jackson Barreto (PMDB) e Sônia Meire (PSOL). O mediador do encontro é o jornalista André Barros.

Primeiro bloco - Perguntas da produção

Eduardo Amorim foi o primeiro a ser questionado pela emissora, sobre funcionalismo público. Ele disse que irá tratar os servidores com respeito e seriedade. Ele criticou a atual administração e disse que há um número excessivo de cargos comissionados e secretarias, que prometeu diminuir. Amorim também questionou o novo Plano de Cargos e Salários. "Foi feito às pressas. Nós vamos mudar o que precisar ser mudado. E manter aquilo que for positivo", disse.

Jackson disse que o comentário de Amorim foi "muito fraco". "Uma coisa é falar e fazer. Outra é só fazer. As leis nos são impostas. Vivemos sob a égide da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF)", ressaltou. Ele destacou que o Plano de Cargos e Salários, aprovado pelo seu governo, atendeu a um anseio dos servidores. "Como governador, em pouco tempo que assumi, conversei com diversas categorias, implantei o PCCV, um sonho de 30 anos", afirmou.

No questionamento da TV, JB foi perguntado sobre como ampliar os investimentos em economia do Estado. Ele afirmou que o atual governo honrou compromissos firmados por gestões anteriores e manteve sua capacidade de endividamento.

"Nós conseguimos aumentar nosso crédito, mesmo tendo um grande rombo por causa de governos passados. Quando você recebe o estado com 57% da dívida consolidada, e diminui para 48%, significa que conseguimos recuperar a economia. Pegamos o estado em frangalhos, economicamente falando. Mas nós lutamos para reverter essa situação", afirmou JB. No comentário, Sônia Meire criticou o atual governo e defendeu o não-pagamento das dívidas.

Já na pergunta da emissora sobre Educação, Sônia Meire disse que, se eleita, investirá mais no setor, dando dignidade aos estudantes e professores. No comentário, Amorim disse que também priorizará a Educação e criticou o atual governo. Na réplica, Sônia disse que nem Amorim nem Jackson têm condições de melhorar a Educação.

Segundo bloco - perguntas entre candidatos

Jackson Barreto faz pergunta a Amorim. JB fala sobre crescimento dos empregos e questiona adversário sobre o assunto. Amorim diz que investirá na qualificação dos jovens. "Empregos qualificados é o que a nossa juventude precisa. Vamos investir em escolas técnicas para qualificar nosso jovens", afirmou. "Queremos empregos de qualidade", frisou.

Em comentário, JB diz que Amorim "não respondeu nada" e passou a citar dados sobre a geração de empregos no Estado - mais de 100 mil empregos. Falou também sobre criação de escolas técnicas pelo atual governo. "Capacitamos a juventude para inserir no mercado de trabalho".

Amorim reconhece que Sergipe "vive um bom momento na geração de empregos". "Deus foi generoso com o Estado. Tem atrativos". Mas critica o governo. "Este governo não fez nada para atrair empresas e qualificar os jovens", afirmou. Ele também criticou o fato de Sergipe não ter uma universidade estadual.

Sônia Meire aponta que Amorim e JB estiveram juntos na última eleição. Ela pergunta como ele irá "transformar a Educação em Sergipe". "A vida é assim. Às vezes somos enganados. Há quatro anos, eu também acreditei neste governo que aí está, mas foi enganado", afirma. "Temos projetos para Segurança, Saúde, Educação", ressaltou. "É hora de reorientar, construir o novo", disse.

Sônia Meire ironiza resposta de Amorim. "O senhor vem sendo enganado então, porque o governo do qual o senhor foi secretário também não melhorou a vida do povo", disse.

Sônia pergunta agora a Jackson também sobre Educação. "De que modo o senhor pretende fazer com a Educação 100% pública se mantem privilégios no Estado?". JB responde: "Peguei este projeto andando, heterogêneo. Quero ser governador novamente para iniciar o projeto. Enquanto fui prefeito de Aracaju, construí 23 escolas, zerei o déficit escolar, melhorei a merenda, elevei os salários. Não tive problemas maiores com o Sindicato dos Professores. Eu não falo. Eu faço e trabalho. Minha passagem pela prefeitura de Aracaju é o que posso mostrar. Melhorei a Educação na capital".

Sônia Meire diz que resposta de JB "não convence". Na réplica, atual governador informa que foram investidos mais de R$ 200 milhões na reforma de mais de cem escolas. "Estamos fazendo isso em todas as regiões do Estado. E estamos pagando o piso, respeitando os profissionais", reiterou.

Amorim questiona o governador sobre o aumento da violência em Sergipe. Jackson diz que investiu no setor. Afirma que equipamentos foram comprados e que realizou concurso para mais de 1,2 mil policiais militares. "Aumento o efetivo, equipando com novas tecnologias e assim os resultados virão", disse.

Amorim minimiza dados apresentados por JB. Ele fala que homicídios crescem descontroladamente em Sergipe. Jackson rebate: "Esse governo trabalha com respeito ao povo. Nós valorizamos os policiais militares. Investimos em tecnologia. Nossa polícia de inteligência é uma das melhores do país".

Amorim questiona professora Sônia Meire se "dar calote público é a solução para o Estado". Ela critica: "o senhor fala do que não sabe. O que queremos é suspender o pagamento de juros e indenizações, não a dívida".

Amorim fala em transparência e diz que transformará Sergipe no Estado mais transparente do país. Sônia rebate: "o senhor não pode falar em transparência. Quando o senhor foi secretário da Saúde, não agiu com transparência e responde a processo".

JB pergunta a Sônia sobre recursos hídricos. Ela critica a falta de uma ação mais aprofundada do governo para melhorar o abastecimento. Jackson, no comentário, diz que a política de uso da água no atual governo se destaca na construção de adutoras.

Terceiro bloco - perguntas entre candidatos

Amorim faz pergunta a Sônia Meire sobre Saúde. Ela diz que a Saúde está em situação muito negativa. "Nenhum governo até hoje em Sergipe tratou a Saúde da maneira adequada", diz. A candidata critica as fundações. Afirma que construir hospitais e clínicas não é o suficiente. Amorim, em comentário, diz que "vai investir bem" para melhorar a Saúde. Na réplica, ela afirma que "Amorim não se compromete com o concurso público e com o fim dos contratos privados".

Jackson, no momento de fazer seu questionamento, não faz pergunta e mostra dois papéis que seriam, segundo ele, documentos do Tribunal de Justiça, que mostram que ele não responde a qualquer processo, enquanto Amorim responde a um processo por improbidade da época em que foi secretário estadual da Saúde.

Sônia diz que não há diferença entre Jackson e Amorim. Que eles desenvolverão ações semelhantes. Em comentário, JB afirma que realizou diversos investimentos em Saúde em construção de hospitais. A candidata do PSOL minimiza. "Não adianta falar em equipamentos e construções, porque na hora que o cidadão mais precisa falta atendimento", afirmou.

Sônia pergunta a JB sobre as fundações. Ele responde que irá rever todo o processo de criação de fundações. "Vejo que as fundações gastam muito com a atividade meio. Não estou dizendo que vou demitir servidores da fundação. Acho que temos que gerir melhor os recursos da Saúde, para a atividade-fim, que é cuidar das pessoas", disse. Sônia Meire critica a manutenção dos contratos com as empresas privadas.

"Vamos sim enxugar as fundações. Vamos rever todos os contratos, para buscar aquilo que queremos: boa gestão para que os recursos sejam melhor alocados para que o atendimento seja feito com qualidade e reduza a fila da espera por exames", rebateu Jackson Barreto.

Amorim faz questionamento sensacionalista, perguntando ao governador como ele encara o fato de muitas pessoas terem morrido no Estado por falta de tratamento do câncer. JB rebate: "o senhor não tem autoridade para cobrar isto. O senhor humilhou Marcelo Déda, atrasou o Proinveste em mais de um ano. Foi contra o Pró-Redes, que era voltado à Saúde. Só faz o que seu irmão quer, pois é ele quem manda no senhor", disse.

Amorim não responde diretamente a Jackson sobre acusações. Fala que o governo perdeu recursos das emendas para construir o Hospital do Câncer. JB rebate: "Fazer discurso é fácil. Emenda demora a ser liberada. O recurso só foi liberado por causa do prestígio de Marcelo Déda. A obra está lá e já está acontecendo. Mas o atraso que temos em investimentos é culpa do senhor, que atrasou o Proinveste".

Jackson pergunta sobre mobilidade urbana para Amorim. O candidato do PSC fala sobre estradas e construir novas avenidas. JB diz que investiu em mobilidade na Grande Aracaju. Fala que construirá corredores exclusivos para o transporte público na região. Amorim diz que atual governo já teve oito anos para realizar e "nada fez". "Hoje temos muitos engarrafamentos na capital, mas o seu governo nada fez", diz Amorim.

Sônia Meire diz que Amorim não pode falar sobre mobilidade urbana, pois seu suplente, Laurinho da Bonfim, deixou uma série de pendências na área. O candidato do PSC diz que só pode responder por seus próprios atos. Ao falar sobre privatização, ele diz que manterá investimentos no Banese e melhorará a realidade das empresas públicas.

Quarto bloco - perguntas de jornalistas

A primeira pergunta é do jornalista Valter Lima, do Sergipe 247, sobre o Banese. A pergunta é para Amorim. Ele nega que vá privatizar o banco, que vai investir melhorias. Sônia Meire rebate o candidato do PSC e diz que ele irá privatizar o banco. Amorim rechaça. Diz que a candidata do PSOL está sem entender o que ele afirma.

A segunda pergunta é do jornalista Antônio Carlos Garcia, correspondente do Estadão em Sergipe. Pergunta sobre Saúde. Jackson responde. "Não vou transferir responsabilidades em relação à saúde. Fizemos a nossa parte. Construímos hospitais, clínicas. Agora temos que manter o custeio, para cuidar melhor das pessoas. Amorim comenta resposta. Diz que "falta gestão e compromisso" à gestão atual. "Se tem uma pessoa que não pode falar sobre Saúde é Eduardo Amorim. A destruição da Saúde começou com ele enquanto secretário da Saúde", afirmou.

A terceira pergunta é do jornalista Eugênio Nascimento, do Jornal da Cidade, que pergunta sobre o rombo da Previdência. A pergunta é direcionada para Sônia Meire. "Previdência é uma grande preocupação do servidor público", afirma ela. Amorim concorda que o rombo no setor é muito grande. Ele diz que solução para o problema é "enxugar a máquina". Sônia rebate Amorim. "Ele não sabe responder a pergunta. Não é enxugar a máquina, mas sim acabar com os desvios", disse.

Último bloco - considerações finais

Amorim encerra sua participação, fazendo as considerações finais. Ele diz que irá melhorar a Saúde ("é possível sim") e fala que devolverá a tranquilidade aos sergipanos.

Em suas considerações, Jackson Barreto ironiza os pedidos de direito de resposta de Amorim. "Nosso adversário tenta a todo momento se utilizar de dispositivos para que não se fale sobre os processos contra ele". O governador faz referência a Marcelo Déda. "Estou aqui, companheiro, para tocar o governo. Vamos conseguir a vitória para que Sergipe não se torne um balcão de negócios", reiterou.

Sônia Meire agradece o apoio ao projeto que ela está liderando e diz que representa os trabalhadores e que não tem apoio de empresários.