Valor da cesta básica recua em todas as capitais
06/08/2014 -
Em julho, os preços do conjunto de bens alimentícios essenciais diminuíram em todas as 18 capitais onde o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) realiza mensalmente a Pesquisa da Cesta Básica de Alimentos. As maiores quedas foram registradas em Brasília (-7,16%), Curitiba (-7,11%), Porto Alegre (-5,88%) e Natal (-5,27%). O menor recuo foi observado em Manaus (-1,60%).
Florianópolis foi a cidade onde se apurou o maior valor para a cesta básica (R$ 346,99) e apresentou a segunda menor variação negativa (-1,91%) em relação a junho. A segunda maior cesta foi observada em São Paulo (R$ 345,42), seguida por Vitória (R$ 330,71). Os menores valores médios da cesta foram verificados em Aracaju (R$ 239,72), Salvador (R$ 270,06) e João Pessoa (R$ 270,60).
Com base no custo apurado para a cesta mais cara, a de Florianópolis, e levando em consideração a determinação constitucional que estabelece que o salário mínimo deve ser suficiente para suprir as despesas de um trabalhador e sua família com alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência, o DIEESE estima mensalmente o valor do salário mínimo necessário. Em julho deste ano, o salário mínimo necessário deveria ser de R$ 2.915,07, ou seja, 4,03 vezes o mínimo em vigor, de R$ 724,00. Em junho, o mínimo necessário era maior, equivalendo a R$ 2.979,25, ou 4,11 vezes o piso vigente. Em julho de 2013, ficava em R$ 2.750,83, ou 4,06 vezes o mínimo da época (R$ 678,00).
Variações acumuladas
No acumulado dos primeiros sete meses de 2014, 16 capitais apresentaram alta no valor da cesta básica. As maiores elevações ocorreram em Aracaju (10,58%), Florianópolis (8,66%) e Recife (7,82%). As reduções foram verificadas em Campo Grande (-2,54%) e Belo Horizonte (-1,25%).
Em 12 meses, entre agosto de 2013 e julho último, 17 cidades tiveram variações positivas, com destaque para Florianópolis (22,17%), Curitiba (10,37%) e Rio de Janeiro (9,81%). A retração ocorreu em João Pessoa (-1,79%).
Cesta x salário mínimo
Em julho, para comprar os gêneros alimentícios essenciais, o trabalhador remunerado pelo salário mínimo precisou realizar, na média das 18 capitais pesquisadas, jornada de 92 horas e 03 minutos, tempo inferior às 96 horas registradas em junho. Em julho de 2013, a jornada comprometida era maior, já que naquele mês foram necessárias 92 horas e 56 minutos.
Quando se compara o custo da cesta e o salário mínimo líquido, ou seja, após o desconto referente à Previdência Social, verifica-se que o trabalhador remunerado pelo piso nacional comprometeu, em julho, 45,48% dos vencimentos para comprar os mesmos produtos que em junho demandavam 47,43%. Em junho de 2013, o comprometimento do salário mínimo líquido com a compra da cesta era maior e equivalia a 45,92%.
Comportamento dos preços
Em julho, os recuos dos preços da cesta básica foram influenciados principalmente pelo comportamento dos seguintes produtos: tomate, batata, feijão, óleo de soja e farinha de mandioca nas regiões Norte e Nordeste, além de carne bovina e açúcar.
A batata apresentou redução dos valores em todas as cidades do Centro-Sul, onde é pesquisada: as maiores quedas foram verificadas em Brasília (-39,94%), Goiânia (-30,86%), Rio de Janeiro (-30,42%) e Vitória (-30,36%). A menor queda foi registrada em Florianópolis (-13,33%).
Em 12 meses, o produto também acumula redução de preço em todas as cidades, que variou entre -48,76% em Goiânia e -7,14% em Florianópolis. Além da safra das secas, nas regiões de Curitiba, São Mateus do Sul, Irati e Ponta Grossa (PR), Ibiraiaras (RS) e Sul de Minas Gerais, em Vargem Grande do Sul (SP), a colheita foi iniciada no início de julho, e, apesar da menor produtividade, tem abastecido o mercado interno, com redução do valor do tubérculo no varejo.
Em julho, o preço do tomate diminuiu em todas as cidades pesquisadas. As taxas variaram entre -33,12% em Brasília e -2,03% em Manaus. Em 12 meses, no entanto, todas as capitais mostraram aumentos, exceto Campo Grande (-25,40%). As altas mais expressivas foram observadas em Natal (71,35%), Belo Horizonte (54,17%), Fortaleza (43,92%) e Recife (43,13%). A oferta do produto aumentou, com as colheitas do norte do Paraná e de Sumaré (SP), que abasteceram o mercado interno, o que pode explicar a queda de preço em todas as cidades.
O valor do feijão diminuiu em 17 cidades em julho. O tipo preto (pesquisado nas cidades do Sul, no Rio de Janeiro, em Vitória e Brasília) apresentou reduções entre -5,21% (Florianópolis) e -2,16% (Vitória). O feijão carioquinha (pesquisado no Norte, Nordeste, em Campo Grande, Goiânia, São Paulo e Belo Horizonte) também apresentou recuos expressivos de preços em todas as cidades, exceto em Aracaju, onde aumentou 4,17%. Em 12 meses, as elevações foram verificadas onde se pesquisa o feijão preto: Florianópolis (13,97%) e Vitória (0,89%). Nas demais cidades onde se coleta o tipo preto, foram observadas as menores variações negativas: Rio de Janeiro (-0,69%), Porto Alegre (-2,74%), Curitiba (-4,97%) e Brasília (-9,61%). Para o feijão carioquinha, nos 12 meses, houve retração de valor em todas as localidades, com taxas oscilando entre -48,44% (Campo Grande) e -21,97% (Salvador). A redução do preço se deve, principalmente, ao bom desempenho da safra atual em relação à anterior.
O preço do óleo de soja diminuiu em 17 cidades e ficou estável em Natal. As maiores quedas foram observadas em Fortaleza (-6,02%), Manaus (-5,19%) e Recife (-4,50%). Em 12 meses, o preço do produto aumentou em 14 cidades, com variações entre 0,37%, em Salvador, e 14,10%, em Natal. O preço do óleo de soja ficou estável em Vitória e diminuiu em três localidades: Curitiba (-1,47%), Rio de Janeiro (-1,14%) e Brasília (-0,34%). Influenciado pela redução do preço no mercado externo, a cotação do grão tem diminuindo no país. O mercado vive um momento de expectativa: os vendedores esperam uma melhora no valor em virtude do crescimento da exportação dos derivados (óleo e farelo) e os compradores, abastecidos, aguardam o efeito da safra recorde de soja nos Estados Unidos, que reduzirá a cotação. No varejo, a redução do valor do óleo de soja pode estar influenciada pelo baixo preço do grão nos meses anteriores.
A farinha de mandioca, pesquisada nas cidades do Norte e Nordeste, seguiu a tendência de recuo de preço já verificada em junho, com oscilações entre -9,66%, em Manaus, e -2,25%, em Belém. Em João Pessoa, o preço ficou estável. Em 12 meses, todas as cidades acumularam diminuições, com destaque para Belém (-38,53%) e Manaus (-34,84%). O clima favorável elevou a oferta da raiz, já a indústria de fécula, por sua vez, segue comprando em ritmo lento, o que empurrou o preço do produto para baixo.
Entre junho e julho, o preço da carne bovina, produto de maior peso na cesta, apresentou redução em 14 cidades. As maiores quedas aconteceram em Aracaju (-4,04%), Curitiba (-2,97%), Manaus (-2,81%) e Vitória (-2,08%). Nas capitais com altas, as taxas não foram superiores a 1%: Rio de Janeiro (0,18%), Florianópolis (0,35%), Brasília (0,40%) e Belém (0,70%). Em 12 meses, todas as capitais tiveram aumentos, que variaram entre 2,49%, em Manaus, e 29,13%, em Florianópolis. Os altos preços da carne no varejo diminuíram a demanda e, por isso, os frigoríficos tentaram negociar preços menores com os produtores. Por outro lado, a oferta aumentou ligeiramente, o que explica o comportamento dos preços em julho.
O açúcar apresentou redução de preços em 13 cidades, com destaque para Belo Horizonte (-4,90%), Rio de Janeiro (-4,78%), Recife (-4,32%) e Salvador (-4,00%). Em Vitória, o preço ficou estável e foram registradas altas em Natal (2,17%), Aracaju (1,59%), Belém (0,79%) e Curitiba (0,57%). Em 12 meses, foram observadas altas em nove cidades, que variaram entre 0,39%, em Belém, e 18,93%, em Manaus. As maiores quedas ocorreram em Florianópolis (-16,13%), Recife (-7,33%), Brasília (-7,27%) e João Pessoa (-5,95%). A safra de cana de açúcar do Centro-Sul tem abastecido o mercado interno, o que reduz a cotação do açúcar no varejo.
O pão francês mostrou elevação de preços em 14 cidades e redução em quatro. As altas variaram entre 0,10%, em São Paulo, e 3,03%, em Recife. A redução mais expressiva foi registrada em Natal (-2,09%). Em 12 meses, todas as cidades tiveram aumento no preço do pão francês, com taxas oscilando entre 6,69%, em Natal, e 32,24%, em Campo Grande. O trigo, principal insumo do pão, teve o preço elevado nos meses anteriores. Entretanto, desde o anúncio da importação de um milhão de toneladas do produto de fora do Mercosul e livre da TEC (Tarifa Externa Comum), o preço do trigo tem sido reduzido no mercado interno. No varejo, porém, o comportamento altista dos meses anteriores teve rebatimento no preço do pão.
Em julho, o preço do café em pó aumentou em 12 cidades e diminuiu em seis. As maiores altas aconteceram em Manaus (3,96%), São Paulo (3,25%) e Campo Grande (2,48%). A retração mais expressiva foi observada no Rio de Janeiro (-2,99%). Em 12 meses, apenas Vitória (-10,67%) e Brasília (-6,78%) apresentaram redução no valor do café em pó. As demais cidades tiveram altas entre 0,88% (Florianópolis) e 13,37% (Salvador). A incerteza em relação à safra brasileira de grão, devido à estiagem do início do ano, que afetou a produtividade, elevou o valor do café arábica no mercado interno, o que pode ter repercutido no café em pó no varejo.
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