
Universidade Federal entra na mira do MPF por patrocinar evento do PT

A Coluna Radar, da Revista Veja, publicou no último sábado, 6, uma matéria assinada por Robson Bonin, denunciando que a Universidade Federal de Sergipe (UFS) está sendo investigada pelo Ministério Público Federal (MPF) por suposto uso indevido de sua estrutura acadêmica para fins político-partidários.O caso envolve um evento da Juventude do Partido dos Trabalhadores (PT), realizado em maio deste ano, dentro do campus da universidade.
Segundo o MPF, o encontro foi tratado oficialmente pela instituição como uma atividade de extensão curricular, com direito a emissão de certificados de 8 horas complementares via SIGAA, o sistema acadêmico da UFS. A programação incluiu até atos de filiação partidária, o que levantou o alerta do órgão ministerial.
“A universidade patrocinou evento de militância partidária, junto ao Partido dos Trabalhadores, ofertando o evento da Juventude Petista e momento de filiação partidária, como atividade de Extensão Curricular”, afirma o MPF.
Convocatória e indícios de vínculo com o PT
O evento ocorreu no auditório do Centro de Ciências Sociais Aplicadas da universidade e foi divulgado com chamadas em grupos de WhatsApp e páginas oficiais do PT de Aracaju. A convocação orientava estudantes a se inscreverem no SIGAA para obter as horas complementares sob o título:
“Encontro Estudantil: assistência estudantil, permanência e políticas afirmativas”.
Embora a universidade tenha negado vínculos partidários na organização, alegando se tratar de uma atividade proposta por docentes e estudantes de graduação, o MPF identificou contradições. Entre os organizadores, ao menos dois estudantes eram membros declarados da Juventude Petista, e participaram do evento trajando camisetas com símbolos do movimento.
Resposta da universidade
Em resposta à investigação, a UFS defendeu a iniciativa, afirmando que a instituição mantém tradição em acolher debates sobre movimentos estudantis e políticas públicas voltadas à assistência discente e ações afirmativas.
“Trata-se, na verdade, de uma ação de extensão universitária regularmente proposta, aprovada e executada por docente e estudantes de graduação da Universidade Federal de Sergipe”, afirmou a universidade em nota.
MPF aponta desvio de finalidade
Apesar das justificativas, o MPF concluiu que houve um desvio da finalidade pública e acadêmica da atividade, que foi instrumentalizada para fins de militância.
A atividade de extensão consistia, na verdade, no ‘Encontro Estadual de Estudantes Petistas’, descrito como um momento crucial de organização da Juventude do PT nas escolas e universidades, em um inequívoco ato de proselitismo político”, afirma o Ministério Público.
Para o órgão, a utilização de espaço público universitário para promoção partidária fere princípios constitucionais e compromete a missão da educação superior pública.
“A instrumentalização da universidade para fins político-partidários desvirtua sua missão fundamental, que é ser um espaço plural e autônomo de busca pelo conhecimento e de formação de cidadãos”, reforça a procuradoria.
Caso em na capital potiguar
O Ministério Público do Rio Grande do Norte (MPRN), por meio da 60ª Promotoria de Justiça de Defesa do Patrimônio Público de Natal, abriu nesta quarta-feira (27) um inquérito civil para apurar a possível destinação irregular de recursos públicos pela vereadora Brisa Bracchi para o evento Rolê Vermelho.
A investigação surgiu após denúncia do vereador Matheus Faustino da Silva Souza, que questionou a legalidade do uso de emendas impositivas para custear a festa.
Com informações da Revista Veja - Coluna Radar
