Central de Transplantes de Sergipe enfrenta dificuldades
Foto: Luciana Bôtto
Foto: Luciana Bôtto
Agência Alese
17/09/2015 -

Sergipe foi pioneiro no transplante de coração nas regiões Norte e Nordeste e não faz mais transplantes deste tipo de órgão. O Estado era uma das referências no transplante de rins na década de 80 e desde 2012 não realiza mais esse procedimento. A afirmação é do coordenador da Central de Transplantes de Sergipe, Benito Oliveira Fernandez, que fez palestra sobre o assunto no grande expediente da Assembleia Legislativa. A participação de Benito foi garantida por requerimento da deputada estadual Goretti Reis, dentro da programação do ‘setembro verde’, mês da doação de órgãos.

 

Benito Oliveira iniciou sua palestra lembrando que sem parceria, o transplante de órgãos não ocorre. O coordenador da Central de Transplantes de Órgãos disse que a ideia de transplante surgiu na antiguidade, está até na Bíblia, e prosseguiu afirmando que nos anos 60, com a modernização dos equipamentos, a ideia foi mais difundida e passou a garantir a qualidade de vida de doadores e transplantados.

 

O coordenador da central disse que Sergipe foi o primeiro estado do Norte e Nordeste a realizar um transplante de coração, mas lamentou que o Estado tenha deixado de ser uma referência. Benito afirmou que o mesmo problema afetou a área de transplantes de rins. Sergipe era uma referência na região e desde 2012 não executa mais esse tipo de procedimento em seus hospitais.

 

“Doar não custa nada. E não se compra órgãos para doações”, explicou Benito, destacando a existência de cerca de 40 mil pessoas aguardando transplantes; 15 mil esperam por córneas e 12 mil pessoas morrerão na lista de espera. O coordenador da Central de Transplantes disse que a situação chegou a esse patamar por falta de mais doadores. “Órgãos não são fabricados, fabricar órgãos em laboratórios é um sonho distante”, comentou.

 

A Lei da doação de órgãos também foi abordada por Benito Oliveira, que lamentou o fato de muitas pessoas, infelizmente, optarem por não doar órgãos. O coordenador explicou do que trata da nova lei que regula o setor. “A família tem o direito de determinar quais órgãos serão doados. Existe o temor de que o corpo fique desfigurado com a doação de órgãos, mas a lei assegura esse direito à família”.

 

“Na década de 80 realizamos transplantes renais, mais não realizamos mais e os pacientes hoje ficam praticamente ligados a uma máquina para purificar o sangue, com uma vida sem qualidade, cheia de restrições”, explicou Benito, que citou a existência de um programa que garante a realização de transplante fora do domicílio, mas o valor da diária, segundo ele, não cobre as despesas em outras cidades.

 

Benito afirmou que a fila de doadores cresce a cada dia e o número de doações reduz. Citou ainda que desde fevereiro de 2012 Sergipe não realiza mais transplantes de rins, apesar de existirem doadores. “Encaminhamos fígado, rins e corações para fora. Sergipe é um estado exportador de órgãos. Arapiraca, interior de Alagoas, realiza transplantes renais. Aracaju, não”, citou. Coordenador da central apontou ainda as dificuldades em encontrar doadores compatíveis e mostrou detalhes da legislação que trata dos transplantes de órgãos.

 

Goretti Reis lembrou que a iniciativa do parlamento tem como objetivo divulgar as ações da Central de Transplantes de Órgãos de Sergipe e estimular os sergipanos a colaborar com a campanha. “A campanha que estimula a doação de órgãos é nacional e busca despertar o interesse da população em salvar vidas e melhorar a qualidade de vida de quem recebe transplante”, disse Goretti Reis, sobre a apresentação de dados da central e as dificuldades que o setor enfrenta.