Invasão em emissora do interior ameaça liberdade de imprensa e coloca em risco profissionais da comunicação
Foto: divulgação
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Redação do Sergipe em Foco com informações de Gabriel Damásio e G1 Sergipe
26/06/2014 -
Cerca de 200 integrantes do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) invadiram o prédio da rádio Xodó FM, em Nossa Senhora da Glória (Sertão), por volta das 12h30 de ontem. Eles derrubaram o portão da emissora e interromperam um programa jornalístico apresentado pelo radialista Anselmo Tavares. 
Durante cerca de três horas, eles fizeram várias pichações no local e discursaram contra o comunicador, a quem acusam de denegrir a imagem dos movimentos sociais. A saída do grupo aconteceu após negociação dos manifestantes com soldados da Polícia Militar e da Força Nacional de Segurança. 
 
De acordo com o radialista Wilame Lima, que também trabalha na emissora, os sem-terra chegaram ao local em ônibus e caminhões que se concentraram em um conjunto habitacional da cidade. Em seguida, eles se postaram em frente ao portão do prédio comum carro de som e iniciaram um protesto, pedindo espaço para falar no programa de Anselmo. 
 
Seguranças e funcionários da rádio fecharam os portões e chamaram uma equipe da PM para tentar conter uma possível invasão, mas os manifestantes conseguiram derrubá-lo, forçando a passagem e ganhando acesso aos estúdios, que ficam no primeiro andar. Uma recepcionista teve uma crise nervosa, desmaiou e foi socorrida. 
 
Tavares estava retomando o programa após o intervalo comercial, quando o grupo do MST chegou. "Eles simplesmente arrancaram o microfone da minha mão e começaram a falar, me impediram de continuar o programa", descreveu o radialista, que afirma ter sido ameaçado de agressão. "Agora você não fala mais nada, quem fala é nós (sic) e se falar vamos quebrar tudo", teria dito um dos manifestantes a Anselmo. 
Segundo um dos membros do MST, a invasão foi motivada pelas críticas de um dos locutores da emissora ao grupo, que alegou se sentir ofendido com o que era divulgado no programa.
 
A polícia militar foi acionada e acompanhou a saída dos manifestantes do local.
 
De acordo com presidente do Sindicato dos Radialistas de Sergipe, Fernando Cabral, os representantes do MST não agiram corretamente ao invadir o local, já que houve a violação do direito do trabalhador. Ele informou ainda que vai acompanhar a situação de perto para saber as causas que levaram a isso. E revelou que os membros do MST deveriam ter recorrido aos meios legais uma vez que se sentiram ofendidos.
 
De acordo com um escrivão da Polícia Civil, funcionários da emissora estiveram na delegacia e fizeram um Boletim de Ocorrência e posteriormente um inquérito será instaurado para apurar as responsabilidades sobre o ocorrido.