Em virtude do fenômeno ‘El Niño’, o volume de chuvas em Sergipe terá grande probabilidade de redução a partir do mês de junho, segundo prevê a Gerência de Meteorologia e Mudanças Climáticas da Secretaria de Estado do Meio Ambiente, Sustentabilidade e Ações Climáticas (Semac). A avaliação tem como parâmetro os dados do Centro de Previsão Climática da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA).
De acordo com Wanda Tathyana de Castro, a meteorologista da Semac, o ano de 2023 é atípico visto que houve a antecipação das chuvas já em fevereiro, se estendendo até maio, sem contar com a transição climática, onde ocorreu o enfraquecimento e em seguida o fim da atuação do fenômeno natural ‘La Niña’. “Nesse sentido, há a probabilidade do evento El Niño clássico florescer e começar a interferir no regime de chuvas de Sergipe a partir do segundo semestre deste ano, causando irregularidade e possível redução no volume de chuvas no Norte e Nordeste do país. Atualmente, o El Niño costeiro está atuando e causando impactos especificamente no Equador e Peru, provocando elevação das chuvas nessas regiões”, explicou.
O El Niño e a La Niña são partes de um mesmo fenômeno que ocorre no oceano Pacífico Equatorial e na atmosfera adjacente, denominado de El Niño Oscilação Sul (ENOS). O ENOS refere-se às situações nas quais o oceano Pacífico Equatorial está mais quente (El Niño) ou mais frio (La Niña) do que a média normal histórica. A mudança na temperatura do oceano Pacífico Equatorial acarreta efeitos globais na temperatura e precipitação.
Conforme os estudos da NOAA, a atuação do El Niño pode superar 60% já no trimestre de maio a julho, ou seja, o fenômeno se instalaria entre o final do outono e o início do inverno. A probabilidade de El Niño aumenta para cerca de 75% no trimestre de inverno meridional de julho a agosto. A projeção da NOAA coloca possibilidades ainda mais altas de El Niño no final do inverno e durante a próxima primavera. Para o trimestre da primavera climática de setembro a novembro, a chance estimada de atuação do fenômeno é de mais de 80%, e para o final do ano, no trimestre de novembro de 2023 a janeiro de 2024, a estimativa é de quase 90%.
Mediante as condições climáticas apresentadas, a Semac recomenda que os agricultores utilizem métodos de conservação de água no solo, para que haja acumulação de umidade e também métodos para diminuir a evapotranspiração, a exemplo da perfilhação da água no solo; utilização de adubos verdes; uso de matéria seca sobre as culturas para evitar evapotranspiração; uso de culturas resistentes ao déficit hídrico e de ciclo reduzido; além de atenção na escolha da quantidade de sementes a serem plantadas bem como no espaçamento entre elas, para que não haja competição hídrica.
Fonte: Semac