Mulher acusa policiais de espancarem seu filho
Foto: divulgação
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Jornal da Cidade.net
26/06/2014 -
Uma denuncia de agressão a um menor foi prestada à Corregedoria Estadual de Sergipe pela advogada Sulamita Vieira, que na madrugada do último domingo, 22, viveu momentos de aflição. A acusação pesa sob o delegado Marcelo Cardoso e outro policial (ainda não identificado), que, segundo o filho da advogada - menor de idade -, o teriam agredido dentro do stand da delegacia plantonista montado no Forró Caju. Entre as queixas apresentadas estão agressões físicas e verbais sofridas pelo jovem, bem como a detenção do mesmo por meio de algemas, fato este que é proibido por lei. Em sua defesa o delegado garante que em nenhum momento o menor foi agredido e que só teria sido algemado porque tentou agredir a escrivã que trabalhava no momento da apreensão. 
 
De acordo com a advogada e mãe da vítima, a prisão ocorreu por volta das três da madrugada, mas até às quatro e quinze da manhã nenhuma ligação para notificar a apreensão do jovem à família foi realizada. “Meu filho foi levado ao posto da polícia por volta das 3h e até às 5h ficou sob custódia da polícia, sem que os pais fossem notificados e sofrendo agressões. Ele estava com as duas irmãs no local, mas em nenhum momento elas foram acionadas. Só soube do ocorrido porque falei com um amigo dele, que presenciou o fato, porque, caso contrário, só saberia na hora em que ele chegou em casa escoltado por policiais que se quer vieram em carro identificado”, relata Sulamita. 
 
A prisão foi motivada pelo envolvimento do jovem numa briga com um bombeiro militar e um amigo na área próxima aos camarotes, mas nenhum dos outros dois envolvidos foi encaminhado à delegacia. “Ele estava num camarote acompanhado das irmãs e desceu para encontrar com um amigo. Como estava muito apertado nesse dia ele acabou esbarrando numa moça, que estava acompanhada, e ela o acusou de ter passado a mão nela. O namorado deu um murro nele e ele revidou. Vendo a confusão um segundo rapaz o empurrou e a polícia logo chegou para separar a briga e levar apenas ele detido. Já na delegacia ele afirmou que era menor e que queria a presença da mãe, mas o delegado afirmou que todos os que lá chegavam eram menores e ele levou vários tapas no rosto, colocaram a sexualidade do meu filho em cheque, com agressões verbais e jogaram água no rosto dele várias vezes”, relata Sulamita. 
 
A mãe do jovem garante que pretende buscar uma solução para o caso e que não vai aceitar que o acontecido fique impune. “Quantos casos como este não acontecem todos os dias? Quero no mínimo uma resposta da Justiça, porque eu acredito no poder judiciário. Passei várias horas procurando por meu filho que estava custodiado e sendo maltratado, inclusive algemado. Fui à delegacia e até a área onde o forró é realizado, mas não encontrei ninguém e se quer me deixaram entrar para ver se meu filho estava custodiado na sede da Plantonista. Recebi meu filho em casa, escoltado por dois policiais, todo molhado e machucado. Já prestei queixa na corregedoria contra o delegado e o policial e busquei um hospital público para registrar as lesões no corpo dele”, garante Sulamita. 
 
O advogado Ricardo Almeida, responsável pelo caso, afirma que todas as medidas cabíveis, tanto administrativas quanto judiciais, serão adotadas pela família. “Entramos com ações junto às corregedorias denunciando o modus operandi utilizado pela polícia, pois em algemar um menor é proibido, a não ser em casos onde aja resistência a prisão, fato que não aconteceu e não consta em nenhum dos autos. Queremos saber também porque nenhum dos outros envolvidos foi igualmente levado sob custodia. Tudo isso terá que ser apurado”, afirma. 
 
Em sua defesa o delegado Marcelo Cardoso garante que nenhum ato de violência foi realizado pelos policiais de plantão no dia do ocorrido, e que toda essa situação só está acontecendo porque o menor se sentiu ofendido por ter sido algemado. “Recebemos o jovem embriagado e agindo de modo agressivo. Ele precisou ser contido, com as algemas, porque inclusive agrediu verbalmente a escrivã que estava no local. Fizemos o procedimento por desacato e agressão, pois ele havia se envolvido numa briga anteriormente. O levamos em casa porque estávamos preocupados com a sua condição física, pois ele poderia ser agredido ao sair da delegacia pelas pessoas com quem se desentendeu”, explica. 
 
Ainda de acordo com o delegado, as denuncias são infundadas e o jovem esta acusando os policiais por raiva. “Ele resistiu à prisão, se debateu e com certeza foi fazendo isso que se machucou. Quanto a ele estar molhado eu desconheço esse fato, pois em nenhum momento o molhamos na delegacia ou mesmo o agredimos de alguma maneira. O único procedimento realizado foi a colocação das algemas, para que ele se acalmasse. Se a mãe desse jovem está me acusando de conduta inapropriada que ela prove, pois eu também moverei uma ação por difamação às acusações que eu estou sofrendo”, afirmou o delegado Marcelo Cardoso.