A delegada de Delitos de Trânsito, Lara Schuster, ouviu na tarde de ontem o depoimento de Gislene Reis, dirigente do Movimento Sem Terra (MST), no inquérito policial que investiga o acidente ocorrido no km 111 da BR-101, no dia 11 de março passado, quando uma carreta colidiu com cerca de 15 veículos e três pessoas acabaram morrendo carbonizadas. A delegada ainda avalia se convocará outros 70 membros do movimento em Sergipe, como também diretores da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit).
Segundo a delegada, ainda não há um prazo para conclusão, já que existe a possibilidade de se ouvir outros dirigentes do MST – são 72 no Estado. “O MST tem esta quantidade de dirigentes, mas não deverei ouvir todos. Estamos avaliando”, disse Schuster. Na tarde de ontem foi ouvida Gislene Reis, que segundo a defesa do Movimento teria mantido contato tanto via correio eletrônico quanto por telefone. Já foram ouvidos durante a semana os dirigentes do MST que estariam na organização do ato que bloqueou o trânsito no dia do acidente, junto com Gislene: José Pereira e Petrônio da Silva.
A delegada não descartou a ouvida de integrantes da PRF e do Dnit. Estes dois órgãos emitiram relatório sobre o acidente. Ambos apontaram o caminhoneiro Luesterley Benedito Inácio como responsável pelo acidente. A PRF também apontou o bloqueio da rodovia durante uma manifestação do MST como uma das causas determinantes para o ocorrido. “Temos os laudos da PRF e do Dnit, mas vamos avaliar a necessidade de convocar os representantes para prestarem esclarecimentos”, disse.
O advogado do MST, Aloisio Vasconcelos, voltou a enfatizar que a PRF teria sido informada do ato e destacou a importância do depoimento de Gislene. “Foi essa dirigente que manteve contato com o pessoal da PRF, tanto pelo e-mail quanto por telefone comunicando sobre o ato. Tem uma matéria do JORNAL DA CIDADE que um diretor da Polícia Rodoviária chamado Alvino Domingues informou que a polícia foi avisada. Querem jogar toda a culpa no movimento. A PRF foi devidamente avisada”, argumentou.
Vasconcelos reforçou a informação da delegada da possibilidade de ouvir depoimentos de outros dirigentes do MST. “Existe também a possibilidade no caso dela (delegada) entender e chamar outros dirigentes”, afirmou.
O caminhoneiro Luesterley já foi ouvido, a pedido da delegada Lara Schuster, pela Polícia Civil de Goiás, onde o mesmo reside.
Laudos e responsabilidades
O laudo pericial Dnit apontou o caminhoneiro Luesterley Benedito Inácio como o único responsável pelo acidente fatal. Segundo o órgão, Luesterley teria sido desatento no momento do acidente e os freios da carreta não foram acionados antes da colisão. O veículo transportava 37 toneladas de produtos químicos derivados de petróleo.
O relatório da PRF apontou como uma das causas determinantes para a colisão o comportamento do condutor da carreta “que transitava a 86,8 Km/h e apresentou reação tardia de acionamento dos freios, ou os mesmos não funcionaram devidamente quando acionados”, disse o laudo. Além disso, a pouca visibilidade no local, em face da inclinação da via que apresenta falha de engenharia/sinalização”.
O acidente deixou como vítimas a nutricionista Vanessa Rúbia Santos, 28, o taxista Raildo de Oliveira Santos , 44, e a cuidadora Maria José de Melo Oliveira, 41.