A Organização Meteorológica Mundial fez um alerta. O El Niño este ano vai ser um dos mais fortes das últimas décadas. E as consequências já vêm sendo sentidas em várias partes do Brasil. Para Sergipe, o meteorologista Overland Amaral, do Centro de Meteorologia da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos (Semarh), avisa: “O fenômeno climático significa verão mais quente e seco.” Os termômetros deverão registrar até 10 graus a mais em relação ao verão do ano passado.
Overland Amaral explica que o fenômeno climático atinge todo o Estado, mas afetará mais o semiárido sergipano. Segundo ele, as cidades que ficarão mais quentes nas próximas estações serão Carira, Frei Paulo, Nossa Senhora Aparecida, Feira Nova, Graccho Cardoso, Glória, Monte Alegre, Canindé do São Francisco, Porto da Folha e Gararu. Ele diz que o El Ninõ está instalado no Oceano Pacífico desde o início do ano e, consequentemente, deverá se estender por um período maior, provavelmente por mais seis meses, e irá interferir – e muito – na situação climática também de Sergipe. Segundo ele, há também possibilidade de chuvas com trovoadas.
O meteorologista alerta para a possibilidade de uma brusca mudança climática ainda neste mês. “A partir do dia 20, há possibilidade de chuvas conectas com trovoadas, surgindo desde a Bahia até Sergipe. Isso também é consequência do El Ninõ, que já vem interferindo no clima do Estado há alguns meses, em abril e agosto, por exemplo, tivemos menos chuvas do que o esperado para o período. Isso foi causado pelo fenômeno El Niño, que aquece as águas do Oceano Pacífico. Ele é capaz de alterar o clima em todo o planeta”, atesta.
Overland esclarece que o fenômeno El Niño acontece aproximadamente a cada quatro anos. Quase sempre provoca os mesmos efeitos: muita chuva em determinadas regiões e muita seca em outras. Os meteorologistas estão percebendo que as medições do aquecimento do Oceano Pacífico estão se comportando de uma forma bem parecida que em 1998, um dos El Niños mais forte já registrados. Segundo o INPE, em 1998, a temperatura do Pacífico ficou cinco graus acima do normal.
Mesmo os satélites da Nasa terem identificado que a temperatura da superfície do Oceano Pacífico estava mais quente do que o normal, indicando a ocorrência do fenômeno e os cientistas acreditarem que podemos estar diante de um El Niño forte - talvez tão forte quanto o de 1997-1998, considerado um dos mais intensos já identificados, o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs) em Sergipe não recebeu nenhum plano de ação visando a estiagem deste ano.
Para piorar a situação, ainda não teve início a construção do canal xingó. Na verdade, nem a primeira etapa do sonhado canal saiu do papel. Detalhe: o canal xingó tem como objetivo garantir água para abastecimento humano e desenvolvimento econômico no semiárido.