Prisões de Sukita e demais acusados são preventivas
Foto: divulgação
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Portal Infonet
04/06/2014 -

As prisões do ex-prefeito de Capela, Manuel Sukita, da esposa Silvany Yanina Mamlak, da irmã, Clara Miranir Santos e do ex-secretário de Finanças, José Edivaldo dos Santos foram detalhadas em entrevista coletiva na tarde desta terça-feira, 3 na sede da Polícia Federal.  Eles vinham sendo investigados há um ano pelo desvio de verbas federais da Prefeitura. No início da noite, eles foram levados ao IML para exames de corpo de delito e nesta quarta-feira, 4 serão transferidos para o Compecan [São Cristóvão] e Presídio Feminino [Socorro].

Os crimes de lavagem de dinheiro e improbidade administrativa foram investigados pela Polícia Federal, Ministérios Públicos Federal e Estadual, Receita Federal, Controladoria Geral da União e Secretaria de Segurança Pública de Sergipe.
Entre as acusações, a de depósito em contas fantasmas, saques indevidos de dinheiro em espécie no caixa de um banco de Capela e simulação de pagamentos já feitos.

De acordo com o superintendente Regional da Polícia Federal em Sergipe, José Grivaldo de Andrade, a operação denominada POP, teve por finaldiade apurar desvios de verbas federais.

“Foi um trabalho investigativo junto com a CGU, que constatou irregularidades e no decorrer da investigação foram aparecendo alguns indícios”, ressalta.

O delegado de Polícia Federal e chefe do Grupo de Repressão a Crimes Financeiros, Roberto Laureano Curi, afirmou que em virtude da falta de precisão das informações na contabilidade das empresas que pertencem ao ex-prefeito e nas contas da prefeitura durante a sua gestão, além dos indícios de destruição de provas, não é possível saber quanto foi desviado. “A Polícia Federal entende que pelo menos 50% do patrimônio declarado nas contas de cada um dos investigados seja produto do crime”, ressalta acrescentando que os valores sacados por meio de recursos federais iam para as contas dos envolvidos ou para bens pessoais.

Ele explicou que a operação recebeu o nome POP por conta do modo de atuação dos envolvidos. “O Procedimento Operacional Padrão é comumente utilizada em linhas de produção industrial, quando os indivíduos agem sempre de modo parecido e com liberdade, mas respeitando os padrões básicos. Neste caso nós percebemos que os quatro investigados atuavam de modo muito semelhante no processo de lavagem de dinheiro”, diz.

Sintese
A procuradora-chefe do Ministério Público Federal, Lívia Tinôco, informou que as investigações tiveram início há cerca de um ano, após denúncias do Sintese (Sindicato dos Trabalhaores em Educação no Estado de Sergipe).

“O Sintese denunciou o desvio de verbas do Fundeb em Capela e as investigações foram iniciadas. Os relatórios técnicos comprovaram que recursos de convênios de programas federais com o Município teriam sido desviados. Foram R$ 600 milhões provenientes do Ministério do Desenvolvimento Agrário para obras de esgotamento sanitário, R$ 1,225 milhão do FNDE que deveria ser usado para aquisição de ônibus escolares e verbas do Penad”, diz.

Ela disse ainda que as prisões não serão temporárias. “Serão prisões preventivas e é provável que se estendam até o julgamento ou depois dele, não existe um prazo certo, vai depender do Judiciário, dos habeas-corpus”, acrescenta Lívia Tinôco.

Contas fantasmas
A chefe da Delegacia de Combate ao Crime contra a Ordem Tributária e Administração Pública (Deoptap) da Polícia Civil, Danielle Garcia informou que as investigações começaram a ser feitas, quando descobriram que já existiam inquéritos pelo Ministério Público Federal e Polícia Federal. “Começamos a atuar em conjunto e as investigações revelaram a existência de contas bancárias fantasmas, cadastradas no CNPJ da Prefeitura, para onde os valores eram desviados e em seguida, sacados para serem depositados em outras contas”, afirma.

Indagada sobre os saques feitos nos últimos dias da administração de Sukita, ela contou que totalizaram R$ 1 milhão. “Os saques foram feitos pelo próprio Sukita, na boca do caixa e foram programados com antecedência com o gerente. Ele alegou que precisava do dinheiro em espécie [o que descumpre as normas do Tribunal de Contas] para pagar fornecedores, só que ouvimos todos eles e ninguém recebeu pagamento com dinheiro, sem contar que o ex-prefeito não tem um comprovante de pagamento”, conta lembrando que ele utilizava extratos bancários falsificados.

“A Prefeitura tinha um contrato com uma construtora no valor de R$ 1 milhão e 500 mil, cujas obras foram iniciadas em 2011 e o pagamento efetuado no mesmo ano. Em 2012, ele simulou novos pagamentos para a construtora, mas que já tinha feito efetuado”, acrescenta lembrando que na operação foram apreendidas duas armas [carabinas], uma em um sítio e outra na casa de Sukita, mas que ainda vai ser investigada a procedência.

Durante as investigações, integrantes da Receita Federal e da Controladoria Geral da União, coletaram dados sigilosos e muitas inconsistência nos documentos, além de irregularidades na prestação de contas.

O Ministério Público Estadual investigou crimes de improbidade administrativa. “O mais importante dessa operação é que foi a primeira vez que todos esses órgãos trabalharam em conjunto e isso quem ganha é a sociedade”.

Por telefone, o ex-prefeito de Capela concedeu entrevista à Mega FM [ainda no apartamento] e disse estar tranquilo e confiante na Justiça.

Dos quatro presos, apenas o ex-prefeito de Capela não possui curso superior, e fica em uma cela comum.