Roda de conversa com mestres sergipanos no Museu
Foto: divulgação
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Instituto Banese
08/08/2014 -
Sabedoria, graça e encanto foram os principais componentes da roda de conversa ‘Dois dedos de prosa com mestres sergipanos’ realizada na última quinta-feira,7, como parte da programação do ‘Agosto: mês das culturas da gente’, uma realização do Instituto Banese e Governo de Sergipe com a promoção do Museu da Gente Sergipana e apoio do Café da Gente.
 
Na verdade, depois que a roda se formou, foram muito mais que dois dedos de prosa. Os 11 mestres deram um show de conhecimento e alegria ao partilharem suas experiências e ao mostrarem sua arte.
 
Mais uma vez com a intenção de valorizar o patrimônio cultural de Sergipe, o Instituto Banese, através do Museu da Gente, realiza ações que proporcionam uma aproximação do público com a sua cultura. Para o diretor de Programas e Projetos do Instituto Banese, Marcelo Rangel, é preciso conhecer para valorizar. “Não podemos valorizar o que a gente não conhece, então essa é mais uma oportunidade da população conhecer uma das maiores riquezas da sua própria cultura, que são os mestres. Já tivemos a oportunidade de reuni-los no ano passado e por ter sido uma grande experiência retomamos a ideia esse ano. Queremos ouvir suas histórias, seus modos de fazer cultura, por isso é sempre um prazer recebê-los na casa que é da gente sergipana”, afirma.
 
Para os mestres esse momento também é muito gratificante. Segundo seu Jorge dos Santos, mestre do Reisado, da Taieira e do Batalhão de São João, do município de São Cristóvão, essa é a única oportunidade que ele tem durante todo o ano de se reunir com outros mestres. “Esse encontro é muito valioso porque sempre temos coisas novas para aprender e sempre fazemos novas amizades. É o segundo ano que isso acontece e sentimos a alegria de encontrar outros mestres e a liberdade de dizer o que a gente tem vontade. A gente tá ensinando, mas aprendendo também porque o conhecimento é o que existe de mais valioso e por isso temos que passar para o outro”.
 
A sabedoria e a simplicidade parecem caminhar juntas com os mestres da cultura popular. Transmitir aquilo que mais sabe fazer foi o que seu Sales, mestre do grupo São Gonçalo da Mussuca, em Laranjeiras, fez com os seus descendestes. Impossibilitado de estar a frente do grupo por motivos de saúde, ele estimulou seus netos a darem continuidade à essa manifestação cultural. “Pra não deixar o São Gonçalo se acabar eu ensinei tudo aos meus netos e hoje eles tomam conta direitinho. Isso é uma satisfação muito grande pra mim”. Para o neto Joeliton Sales, hoje líder do São Gonçalo, a cultura deve ser passada de geração para geração. “Meu avô me pedia pra não deixar acabar o grupo e eu aceitei o desafio. No começo não foi muito fácil, mas agora é um prazer fazer parte e poder contar a minha experiência pra tantas pessoas nessa roda de conversa”.
 
Dentre o público presente estava um grupo bastante interessado no que ouvia. Trazidos pelo professor Denio Santos Azevedo, 30 alunos do curso de Turismo da Universidade Federal de Sergipe aproveitaram a conversa para agregar conhecimento à formação profissional. Segundo Denio, a proposta é despertar nos futuros profissionais a percepção de que o turismo planejado pode proporcionar a valorização da prática cultural desses mestres. “A disciplina Aspectos Históricos de Sergipe  aborda a questão cultural, havendo um debate quanto ao fato do turismo as vezes não ser bem visto pelos mestres e fazedores da cultura popular pelo fato de não terem um retorno mais concreto nem que seja para manter o grupo. Então a proposta de trazer os alunos é fazê-los perceber que os mestres não são mestres o tempo todo e que a prática cultural deles merece ser mais valorizado pelo turista e pelos profissionais do turismo”.
 
A aluna Regina Damázio considerou a iniciativa importante para fomentar o debate que ocorre na sala de aula. “A questão cultural está sendo bastante explorada na disciplina Aspectos Históricos de Sergipe por isso a participação nessa roda de conversa é bastante pertinente. Além disso, por estudarmos turismo e futuramente trabalhar nessa área temos que estar dispostos a conhecer as manifestações culturais e entendê-las como parte da riqueza cultural do nosso estado”, ressalta.
 
A riqueza a qual Regina se refere pode ser debatida durante toda a manhã, conforme propôs a roda de conversa, mas também pode ser vivida. E esse momento de vivência da cultura popular foi proposto pela mestre do Samba de Pareia Dona Nadir da Mussuca, que envolveu outros mestres e o público presente com muita dança e música, afinal como ela mesma sempre diz, isso é o que mais ama fazer e ensinar. É por isso que a programação do Agosto: mês das culturas da gente’ contará com uma oficina de Samba de Pareia, que será realizada amanhã, 08, por Dona Nadir e Marizete da Mussuca.
 
A programação não para por aí. Até o final do mês o público poderá prestigiar o espetáculo teatral ‘Folcloreando na terra dos cajus’, a apresentação de dança com o grupo ‘Caceteiras do Mestre Rindu’, e participar da oficina de brincadeiras populares e de outra roda de conversa, dessa vez, com gestores municipais de cultura. As atividades são gratuitas, abertas ao público em geral e acontecem no auditório ou no átrio do Museu da Gente Sergipana, localizado na Avenida Rio Branco, 398, Centro, Aracaju-Se.