Por Julia Freitas - colaboradora 

Nesse período em que estamos enfrentando a pandemia do novo coronavírus (covid-19), a importância do Sistema Único de Saúde (SUS) se tornou ainda mais evidente para a garantia da saúde e da vida das pessoas, principalmente aquelas que não podem pagar por um plano de saúde. Diante disso, o senhor acredita que os investimentos em Saúde Pública irão aumentar nos próximos anos?

Berg Hipólito: Devem. Esta pandemia está servindo para nos mostrar que todo e qualquer investimento em saúde não foi suficiente para termos um sistema satisfatório para os brasileiros, visto que estamos obrigados a fazer um isolamento social justamente para não colapsar o sistema. Por não termos leitos suficientes para suportar, ao mesmo tempo, dezenas de pacientes que venham a se infectar com a covid-19 e venham a necessitar de cuidados mais profundos nas unidades de saúde.

A segurança é uma das principais preocupações dos cidadãos, principalmente para aqueles que vivem nas áreas mais afastadas do município. Para o senhor, o que precisa ser feito para que o sentimento de segurança cresça na população de Riachuelo?

BH: Tenho batido na tecla de que precisamos de mais policiamento ostensivo nas ruas diariamente. Porém, paralelo ao policiamento ostensivo, é preciso termos outros fatores, entre eles, e ouso dizer, nessa ordem, leis mais duras, que mantenham os infratores mais tempo fora do convívio social; uma polícia judiciária mais efetiva, que investigue e apure com mais celeridade os crimes ocorridos; e para ajudar o policiamento ostensivo, uma guarda municipal bem equipada e que trabalhe em parceria com a polícia militar. Além da adoção de políticas públicas que ocupem de forma positiva os nossos jovens.

A Cultura, a Educação e o Esporte tem um papel fundamental na formação das crianças e jovens. O senhor acredita que o acesso a eles também pode ter um reflexo na Segurança Pública e na diminuição dos índices de violência?

BH: Sem dúvidas que sim. Nesses três pilares está a formação da índole de qualquer criança e adolescente. É lógico que com ênfase na Educação sem diminuir o papel das outras. Sem uma boa educação, provavelmente, teremos jovens infratores e violentos no futuro. A Educação produz bons homens, a Cultura planta em nossos jovens as raízes necessárias para o reconhecimento de sua identidade dentro da nossa sociedade, e o Esporte desenvolve a comunicabilidade, as relações socioafetivas. Enfim, agregada a Educação e a Cultura, ajustam nossos jovens positivamente para que se tornem protagonistas em nossa sociedade.

Como ex-aluno de escola pública, como o senhor vê as necessidades dessas instituições e dos alunos que por ali passam?

BH: Digo sempre que todo e qualquer gasto em educação é, na verdade, um investimento. E é um investimento a longo prazo. Talvez, por isso, muitos gestores ainda teimem em não investir, pois provavelmente não colherão os frutos. Posso dizer que estudei e tive boas escolas, se não estruturalmente, mas no corpo docente, ou seja, tive bons professores, paralelo a isso, meus pais sempre cobraram dos filhos o esforço nos estudos. Agradeço aos professores que tive e ao meus pais o que sou hoje, pois Educação também se faz em casa. Quanto à atualidade, é preciso que pais e professores se alinhem e percebam que tem que andar juntos para terem sucesso na formação dos seus alunos/filhos, e que os gestores entendam de uma vez por todas que a Educação é a base de qualquer nação. Aliás, nesta pandemia da covid-19 podemos perceber o quanto a retirada de investimentos em Educação no passado acarretou em atraso em nossos campos de pesquisa nos obrigando a depender do conhecimento de outras nações que investiram mais e melhor em Educação.

Nos últimos anos estamos vendo um aumento gradativo nos campis universitários no interior do nosso Estado. O senhor acredita que essa nova realidade pode fazer com que mais jovens e adultos do interior cursem o ensino superior, tendo mais oportunidades de emprego e até mesmo gerarem emprego em suas cidades natais?

BH: Com certeza, isso já é perceptível até aqui, em Riachuelo. Tivemos um grande crescimento no número de universitários, temos cada dia formado mais jovens em cursos superiores. Posso dizer que sou um incentivador desse contexto, visto que sempre lutei para que tivéssemos transportes estudantis para os universitários, bem como para que estes jovens, depois de formados ou durante a formação, através de estágios, fossem aproveitados em diversas áreas do nosso Município.

Durante o seu mandato como vereador de Riachuelo, o senhor valorizou diversos segmentos da sociedade e recentemente conseguiu aprovar um projeto de lei que institui o Dia da Conscientização do Autismo no Município. Como esse projeto pode tornar a sociedade mais inclusiva para os portadores de TEA?

BH: Muita gente ainda desconhece o Transtorno de Espectro Autista (TEA) e, por este motivo, discrimina àqueles que estão dentro deste espectro. Por isso o nosso projeto se torna essencial, pois trará à tona o TEA, fazendo com que as pessoas reconheçam e passem a entender que temos em nossa sociedade diversas pessoas com este transtorno e as tratem de maneira que elas devem ser tratadas e não como "mal criadas", como alguns entendem. É preciso ressaltar que a Educação municipal já vem fazendo um bom trabalho referente às crianças especiais, não só com o TEA, pois dispõe de uma equipe multidisciplinar, mas é preciso fazer mais, fazer esse grito chegar a todos e é justamente onde entra a nossa luta e o nosso projeto. Estamos tentando dá voz aos que não são ouvidos, dar visibilidade aos que não são enxergados.

Sempre vemos notícias sobre os prejuízos à saúde e à vida das pessoas que não têm acesso a uma infraestrutura adequada, como saneamento básico e água encanada. Como tem sido o seu trabalho como vereador e presidente na Câmara Municipal de Riachuelo para cobrar mais ações da Prefeitura nesse sentido?

BH: Pautamos o nosso trabalho em proposituras que venham a beneficiar cada vez mais a população. Sendo assim, participamos em meados de 2015 a 2016 da elaboração do Plano Municipal de Saneamento Básico, sendo, naquele momento, o único vereador a participar efetivamente da construção do Plano. O referido documento é o projeto basilar para que o Poder Executivo realize toda e qualquer melhoria em tal área. Porém, enquanto não se é possível pôr em prática o Plano de Saneamento por inteiro, a gente vem cobrando melhorias pontuais, através de requerimentos verbais junto aos secretários competentes, ou oficiais tramitados na Câmara de Vereadores. Recentemente, por exemplo, nós cobramos oficialmente a drenagem completa de algumas avenidas e verbalmente a melhoria de escoamento de água de alguns pontos da cidade.

Uma das principais reclamações da população de Riachuelo é com relação ao abastecimento e a qualidade da água fornecida. Como o senhor tem trabalhado na Câmara para cobrar ações mais efetivas da Companhia de Saneamento de Sergipe (Deso) com relação a isso?

BH: Na Câmara Municipal, temos diversas proposituras com relação a esta problemática. Inclusive, recentemente, cobramos a ampliação da Estação de Tratamento de Água (ETA) e a melhoria no sistema de decantação do Município. Porém, infelizmente a Deso é uma empresa estatal que tem deixado muito a desejar em nosso Município, e isso acontece há décadas. E vale salientar que já levamos o pleito ao Ministério Público do Estado, que também já abriu ações contra a referida empresa.

E para encerrar, qual mensagem o senhor tem a deixar para o povo de Riachuelo?

BH: O que tenho a dizer aos riachuelenses é que tenho feito o possível para honrar o compromisso assumido quando coloquei o meu nome à disposição, bem como para não decepcioná-los. Digo isso porque não é fácil ser um dos poucos nomes escolhidos para representá-los. Sei da minha responsabilidade e irei fazer jus até o último minuto. Espero, do fundo do meu coração, que o meu trabalho esteja agradando a maioria, pois sei que a todos é impossível. Desde já me coloco a inteira disposição, para esclarecer qualquer dúvida e receber sugestões por parte dos riachuelenses.